Street racing no Eixo Norte-Sul
Desde que, no dia 10 de Outubro, foi inaugurado o último troço do Eixo Norte-Sul, que liga o Lumiar à Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL), a via tem servido de pista para as corridas ilegais de automóveis ou ‘street racing’. Os moradores que vivem junto ao novo traçado queixam-se de que o barulho vai muito para além daquilo que as barreiras sonoras conseguem isolar.
“A Alta de Lisboa já é há muito tempo palco destas corridas, que acontecem principalmente na Rua Helena Vaz da Silva e na Avenida Krus Abecassis. Não é só no Eixo Norte-Sul”, como explica Tiago Figueiredo, professor e dinamizador do blogue “Viver na Alta de Lisboa”. “Estas ruas têm mais ou menos um quilómetro e chamam a atenção dos ‘street racers’, acrescentando que a situação “incomoda as pessoas e ninguém faz nada contra isso”.
Para o autor do blogue, “já foram enviados vários e-mails a pedir à CML que pressione a PSP”. Além disso este morador sugere que deve haver em toda aquela zona uma intervenção rodoviária “com pés e cabeça, para que ‘street racers’ e outros condutores não usem estas estradas como pistas de aceleração”.
Também segundo o presidente da ACA-M “houve inúmeras queixas dos moradores por causa do ruído no dia a seguir à inauguração do novo troço”. “Os moradores sentem-se lesados, não só pelo ruído provocado a horas tardias, mas também pela insegurança. Sentem-se ameaçados” 1.
Procurando soluções para o abrandamento do trânsito, o blogue propõe também um inquérito ‘em-linha’ aos moradores sobre a viabilidade da instalação de lombas 2.
Trata-se, aliás, de uma proposta há já algum apresentada por “Os Verdes” na Assembleia Municipal à então vereadora da mobilidade. O formato recomendado aponta para passadeiras elevadas para os peões, nas zonas de Lisboa com atravessamento pedonal mais complicado 3.
Daí que “Os Verdes” comentem a propósito da recente campanha da CML de rebaixamento dos lancis por ter apenas o objectivo de peões, deficientes, carrinhos, etc., descerem para a via rodoviária para procederem ao atravessamento para o outro lado da rua. Ou seja, é o peão que é convidado a ‘invadir’ o terreno (alcatroado) dos veículos automóveis. Caso as medidas da CML pretendessem salvaguardar a prioridade do peão, teria de ser sempre o carro a ‘pedir’ para atravessar o espaço urbano, que é por excelência dos cidadãos.
Donde, não deveria ser o passeio a ser rebaixado, mas sim a passadeira e a zebra a serem elevadas à altura do lancil e do passeio. Aqui sim, seria a viatura a ter de reduzir a velocidade para ultrapassar um obstáculo redutor dessa velocidade.
Só assim a circulação pedonal estaria mais protegida, cumprindo-se a promessa (afinal não cumprida) de presidente e vice-presidente da CML de “uma cidade mais amigável, onde o peão se sentisse mais seguro e onde se circulasse com melhores condições”.
Em resposta ao desafio de “Os Verdes” o presidente da ACA-M defende que “em ruas locais, pelo menos, faz todo o sentido, inclusive elevando todo o cruzamento” 4.
Também o blogue Menos1carro sugere lombas de forma sinusoidal 5.
1. Ver Metro 2007-10-31, p. 6
2. Ver http://viveraltadelisboa.blogspot.com
3. Ver http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/08/passadeiras-elevadas.html
4. Ver http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/09/o-passeio-do-equvoco.html