Há exactamente um ano, a autarquia estreou a iniciativa ‘Aos Domingos o Terreiro do Paço é das Pessoas’, com o encerramento ao tráfego automóvel das laterais do Terreiro do Paço e o troço da Ribeira das Naus entre o Largo do Corpo Santo e o Campo das Cebolas.
Todos os domingos, entre as 8h e as 20h há animação na praça, entre jogos de mesa, espaço de leitura, exposições fotográficas, grupos musicais, aluguer de bicicletas ou actividades circenses. Mas o encerramento do trânsito no Terreiro do Paço ainda não conseguiu o apoio dos moradores, de comerciantes e autarcas, que lamentam a falta de pessoas e reclamam melhor animação cultural.
Esta foi uma das dez medidas prioritárias anunciadas pelo presidente da CML para o início do mandato, visando revitalizar a zona e transformar o Terreiro do Paço numa alternativa para os passeios de domingo dos lisboetas. No entanto, o entusiasmo inicial que rodeou o projecto tem vindo a diminuir, como reconhecem moradores, comerciantes e autarcas locais, que apontam algumas insuficiências na animação e o excesso de trânsito nas ruas adjacentes.
O presidente da Associação de Moradores da Baixa Pombalina revelou que vários habitantes se têm mostrado insatisfeitos com a concentração de trânsito nas restantes ruas da zona, provocando uma intensificação da ‘confusão’ as domingos em zonas tradicionalmente calmas. A intenção do projecto de devolver o Terreiro do Paço às pessoas até poderá ser “louvável”, mas, critica, a falta de coerência da animação dominical, com actividades “um pouco desgarradas”, não possui uma organização definida.
A opinião é partilhada pelo presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina para quem as iniciativas são “muito aleatórias” e não são o motivo de visita ao Terreiro do Paço. A decisão de proibir o trânsito acabou por ser “uma medida avulsa” porque “não abriu mais comércio e a praça continua inóspita, árida”. No seu entender, “seria mais importante, por exemplo, tirar os tapumes das obras que ali estão há anos”.
Para os comerciantes no Terreiro do Paço, desde o vendedor de gelados à florista, no último ano, “foram mais os domingos maus que os bons”. “Estou aqui há anos e este foi o pior em termos de negócio”, acrescentam 1.
Também esta semana começaram a ser repostos os pilares do antigo Cais das Colunas no Terreiro do Paço, retirados há 12 anos para permitir ao Metropolitano estender a sua rede até Santa Apolónia, mas é difícil dar por eles, pois ainda estão ainda cobertos com telas brancas.
Passear junto ao Cais das Colunas era um hábito lisboeta, mas muita coisa mudou na Praça do Comércio. “Sentar naqueles bancos de pedra já não faz muito sentido”, desabafa uma moradora. É que a Avenida Ribeira de Naus ganhou mais movimento e hoje está transformada numa via rápida. Além disso, o Cais das Colunas já não é o único lugar onde as pessoas podem sentar-se junto ao rio Tejo: “Agora há as Docas de Alcântara, o Parque das Nações e um passeio ribeirinho entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço” 2.
Resta saber se a débil animação da Baixa e o Cais das Colunas conseguirão competir com as novas e descentralizadas atracções da capital.
1. Ler Lusa doc. nº 8707379, 26/08/2008 - 12:00