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CDU LUMIAR

Blogue conjunto do PCP e do PEV Lumiar. Participar é obrigatório! Vê também o sítio www.cdulumiar.no.sapo.pt

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Apontamentos insuficientes, por Ruben de Carvalho

teresa roque, 26.03.10

http://aeiou.expresso.pt/ruben-de-carvalho=s24888

 

O primeiro-ministro é averiguado, os administradores são demitidos e julgados, as sucatas transformam-se num vértice político de incontornável significado, os bancos têm lucros, o desemprego aumenta....

Definitivamente, a frase feita do 'fim de regime' adquire uma presença inquietante no dia-a-dia. A par e passo com outras, de recorte menos erudito, mas bastante mais contundente. E talvez mais próximas da realidade.

A Polícia Judiciária investiga a Polícia Judiciária. Não se trata de um trocadilho de gosto duvidoso: é a pura realidade imposta por uns investigadores terem encontrado documentação da sua polícia no escritório de um investigado. Com papel timbrado e tudo. A violação do segredo de justiça já ultrapassou a fase da informação confidencial e conversas telefónicas de português caserneiro: não basta a inconfidência - é necessário o documento probatório.

O PEC governamental transforma-se, de um conjunto de medidas governativas anunciadas como salvíficas, num pomo de discórdia que atravessa a sociedade portuguesa, incluindo as próprias entidades que o criaram: o Partido Socialista e o seu Governo.

Não são discordâncias pontuais. As críticas do cidadão comum adquirem o tom de indignada recusa, mas o discurso político no Governo e seu partido atinge contornos de fractura. Diz-se que se trata (só) do definitivo abandono da matriz político-ideológica do PS. Quem o diz não é irrelevante, o que é dito muito menos.

O PSD realiza um congresso para discutir questões programáticas e estatutárias. De urgência. Que tais temas se discutam 'de urgência' é todo um inventário da situação. Discutir se tal urgência é de um dia ou dois é entrar definitivamente no risível. Como se isto não fora suficiente, os delegados revelaram um tal empenho que não conseguiram votar a maioria das propostas que consubstanciavam (ou não...) as tais urgências! Como se isto já não fosse suficientemente patético, aprovaram (ainda não se sabe se em generalizada consciência ou em generalizada confusão) uma alteração estatutária que, objectivamente, não serve para nada - excepto para lançar uma demolidora discussão pública e interna que nem um perspicaz adversário seria capaz de inventar.

Os presidentes dos dois maiores municípios do país encontram-se no manuseio de uns talheres e, entre a sopa e a sobremesa, decidem da sua concordância interpartidária para demolir o quadro jurídico-político do Poder Autárquico da democracia nacional. Entretanto, trocam cromos com corridas de automóveis, aviões e festivais rock. No meio, já se vê, há uns milhões em apoios, patrocínios, despesas que transitam velozmente de Lisboa ao Porto e vice-versa, tornando inevitável a conclusão de que, pelo menos para estes convívios e acordos, o TGV não é preciso para nada.

O primeiro-ministro é averiguado, os administradores são demitidos e julgados, as sucatas transformam-se num vértice (ou num vórtice) político de incontornável significado, os bancos têm lucros, o desemprego aumenta (presume-se, porque os números são segredo de Estado mais bem guardado que o da justiça), os acordos com os professores afinal levam uma volta, são precisos médicos reformados para voltarem a trabalhar e os funcionários públicos reformam-se em massa.

Portugal, a um mês de comemorar 36 anos do 25 de Abril. Dá que pensar.

 

Ruben de Carvalho

Texto publicado na edição do Expresso de 20 de Março de 2010

José Afonso faria ontem 80 anos

Sobreda, 03.08.09

Duas décadas depois da sua morte é um ‘património cultural nacional’ um pouco esquecido?

 
“Terra da fraternidade
Grândola vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena”
 
José Afonso, uma das mais importantes figuras da música portuguesa, faria 80 anos ontem, domingo, mas morreu em 1987, em Setúbal, cidade derradeira de um percurso que tinha começado em 1929, em Aveiro, onde nasceu.

 

 

Com a música e o ensino, José Afonso traçou um mapa geográfico pessoal, de Faro a Coimbra, de Belmonte a Setúbal, com ponto de partida em Aveiro e passagem marcante por África.
Durante a década de 30, fez os primeiros estudos em África, um continente que lhe marcou o rumo dos passos anos depois, quando, em meados de 1960, deu aulas em Moçambique. Em 1940, com 11 anos, rumou a Coimbra, cidade epicentro da adolescência e palco das serenatas, no Orfeão e na Tuna Académica.
Ainda a concluir o curso na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, dedica-se à docência, a partir de finais dos anos 50, quase com 30 anos, num percurso nómada em escolas de norte a sul. Aos alunos ensinava História e Geografia, mas sobretudo vivência para que fossem pessoas e tivessem espírito crítico.
Já aí repartia o tempo com a composição, com a edição dos primeiros discos de fados e baladas de Coimbra e digressões com a Tuna Académica.
Teve uma passagem breve por Moçambique entre 1964 e 1967, onde deu aulas e fez, como admitiu, o seu baptismo político quando se vivia já a guerra colonial.
Esgotado com o cenário de conflito, voltou a Portugal em 1967. Tinha três filhos e foi colocado como professor em Setúbal.
É em finais dos anos 60, em pleno marcelismo, que José Afonso intensifica o trabalho na música e o activismo político. Depois de ter sido expulso do ensino oficial, desdobra-se em gravações e em concertos, muitos deles proibidos pela PIDE.
Entre 1971 e 1974, assiste ao estertor do Estado Novo e à Revolução de Abril. Lança discos como "Cantigas do Maio", "Venham mais cinco" e "Coro dos tribunais", que o fazem trovador entre os cantores portugueses.
‘Grândola Vila Morena’, a senha do Movimento das Forças Armadas para a Revolução do 25 de Abril de 1974, inspirou-se numa breve passagem do cantor por aquela localidade alentejana.
Em 1983, com 54 anos e um longo percurso na música de intervenção e de inspiração tradicional e popular, José Afonso é reintegrado no ensino oficial e destacado para Azeitão, em Setúbal. Um ano antes, tinha-lhe sido diagnosticada esclerose lateral amiotrófica, fatal em 1987. Morreu a 23 de Fevereiro, em Setúbal.
 
“Minha mãe quando eu morrer
Ai chore por quem muito amargou
Para então dizer ao mundo
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou” – IN ‘Cantigas do Maio’
 

Comemorações do 25 de Abril e 1º de Maio

Sobreda, 09.05.09

 

No passado domingo, dia 3 de Maio, a CDU da Ameixoeira, Charneca e Lumiar realizou mais um almoço comemorativo do 25 de Abril e do 1º de Maio.
Este ano, o encontro contou com a participação do candidato e número 2 da lista da Coligação Democrática Unitária às eleições europeias de 7 de Junho próximo, o biólogo João Ferreira.

O dia em que verdadeiramente caiu o fascismo em Portugal

Sobreda, 02.05.09

Há 35 anos, a Revolução de Abril conquistava em Maio, em Lisboa e no resto do País, um “conteúdo social e de esquerda”. O povo saiu à rua para ver e ouvir Álvaro Cunhal e Mário Soares juntos, unidos por um dia.

 

 

Na altura, o escritor Urbano Tavares Rodrigues, subitamente, viu-se beijado por mulheres que nunca antes tinha visto. “Elas conheciam-me, saíam do meio da multidão e vinham beijar-me: sentiam que deixavam de ser escravas”. Além dos afectos imprevistos, no “inesquecível” primeiro dia de Maio de 1974, trocaram-se flores, sorrisos, a urgência da revolta. A esquerda irrompe unida em breve namoro.
Naquele dia “em que Lisboa enrouqueceu de alegria”, o autor de ‘Bastardos do Sol’ caminhava ao lado de Álvaro Cunhal e Mário Soares, acabados de regressar do exílio. “Pensei que ali se abria o caminho para uma democracia avançada. Pensei que era possível, sou muito ingénuo”, ironiza o escritor.
A unidade da esquerda depressa se esfumava - as vias para a consolidação da democracia divergiam.
Fugaz na confluência à esquerda, com o Primeiro de Maio de 1974 declarado feriado nacional obrigatório por decreto da Junta de Salvação Nacional, é um momento decisivo na Revolução. Soares pressentiu isso no momento, e disse-o, quando usou da palavra, aos milhares de manifestantes: “No dia 25 de Abril derrubou-se, pela intervenção das Forças Armadas, o regime, o governo fascista, mas foi aqui que nós verdadeiramente destruímos o fascismo!”
Enquanto o então líder do PS chamava os partidos para “uma aliança interpartidária e civilista como motor da Revolução”, o PCP preferiu, para “além da aliança interpartidária, uma aliança com o Movimento das Forças Armadas”, bem mais óbvia e unitária.

 

 

Caminhos diferentes, e, desse modo, iriam continuar. Todavia, esse facto não retira força ao “inesquecível” Dia do Trabalhador, comemorado com imensa participação em todo o País. O povo saiu à rua, dando “um conteúdo social e de esquerda à Revolução, que não teve no início, nos cinco dias seguintes após a derrota da Ditadura” salazarista.
Ou seja: “O modelo social português, saído do 25 de Abril, nasce no Primeiro de Maio de 1974”.
A História nunca se repete. Mas, por vezes, certos reencontros parecem inevitáveis. Será possível a unidade à esquerda como em Maio de 1974? “Não é difícil conceber um novo arranjo político em Portugal. Tudo depende dos resultados eleitorais: está tudo em aberto depois das eleições de Outubro”.
 

Desfile do 25 de Abril marcado pelo descontentamento

Sobreda, 26.04.09

Milhares de pessoas desceram esta tarde a Avenida da Liberdade em direcção no Rossio no tradicional desfile comemorativo do 25 de Abril, este ano marcado pelo descontentamento face à crise económica, associado a um sentimento de descrença política.

 

 

Há a necessidade de construir “um Abril novo. Acho que a realidade do nosso país é dramática. O capitalismo fez-nos chegar ao ponto em que estamos. Neste momento muito difícil exige-se um Abril novo”.
A par das tradicionais causas de defesa da liberdade e dos direitos dos trabalhadores, o desfile acolheu este ano a defesa de novas causas como o apelo à participação eleitoral nas eleições europeias, o direito dos homossexuais à família e dos imigrantes à legalidade.
Abeirando-se da chaimite para “sentir melhor a emoção”, uma entre milhares de desfilantes diz estar “profundamente descontente”, criticando a actual “situação de miséria e desemprego” que se vive no país. “Hoje a liberdade é condicionada e até nas empresas já muita gente se retrai a falar. Estamos a viver uma democracia fascizante”.
“Emprego e salários para todos. Não ao trabalho precário”, “Democracia, liberdade e justiça são três irmãs gémeas. Umas sem as outras não têm valor. Corruptos e ladrões não”, “Niguém é ilegal. Documentos para todos”, “As famílias de Abril. Gays e Lésbicas pela igualdade” e “Falta ainda cumprir Abril”, foram algumas das frases que desfilaram na Avenida da Liberdade, ao som de músicas de intervenção.
Dirigentes de forças militares juntaram-se também ao desfile, criticando o que consideram ser o “afastamento institucional” dos militares da organização da iniciativa. “Isto é muito estranho até porque foram os militares que trouxeram a democracia aos cidadãos”, diz sublinhando o carinho que a “família militar” recebeu durante o desfile.
“Não sou uma 'habitué', esta é a primeira vez que venho. Penso que se houver maior afluência a crise pode explicá-la, porque as pessoas unem-se nos momentos mais difíceis. Aqui sentem-se de alguma forma reconfortadas e com mais esperança”.
Diz ter aproveitado o desfile para mostrar ao filho de 11 anos aquilo que se passou há 35 anos, adiantando que o desfile funciona como uma “uma lição de História”. A Avenida da Liberdade acolheu também este ano os lamentos das vendedoras de cravos, que se queixam que a crise está a dar cabo do negócio.
As principais vaias foram dirigidas aos elementos sindicais e políticos ligados ao partido do Governo.
 

O prenúncio do 25 de Abril no último Avante! clandestino

Sobreda, 26.04.09

A ‘sublevação’ de 16 de Março foi um dos temas de destaque na primeira página do último Avante! clandestino, publicado em Abril de 1974. Com o título “Aliar à luta antifascista os patriotas das Forças Armadas”, o órgão oficial do PCP desmonta a ‘Conversa em Família’ do presidente do Conselho, que desvaloriza o levantamento militar das Caldas.

Na sua alocução televisiva, dias depois do golpe, o presidente do Conselho aparece descontraído como se nada de anormal tivesse acontecido no País. No entanto, informa o Avante!, na madrugada de 16 de Março, “ele teve o cuidado de se refugiar no reduto de Monsanto”. E não ocupou sozinho esse refúgio: com ele foi o presidente da República “e outros mais das suas respectivas camarilhas” seguiram-lhe os passos.
Sinal evidente de que o regime, mergulhado numa crise profunda agora a estender-se às Forças Armadas, teria os dias contados.
Num documento do “movimento dos oficiais”, aponta-se uma solução para afastar a crise. “Sem a democratização do País não é possível pensar em qualquer solução válida para os gravíssimos problemas que se abatem sobre nós”.
Perante este cenário, a Comissão Executiva do PCP classifica de “importante e urgente” a tarefa de incorporar e associar “à luta antifascista do povo português os soldados e marinheiros, os sargentos e os oficiais honestos”.
Numa palavra, desenhava-se, dias antes da Revolução de Abril, a aliança do povo com “todos os verdadeiros patriotas das Forças Armadas”. Este “poderoso exército político”, lê-se ainda no Avante!, porá um ponto final nas “guerras coloniais, derrubará a ditadura fascista e conquistará as liberdades democráticas”.
No mesmo texto, apelava-se à libertação “imediata” de todos dos presos políticos, à “cessação das torturas e a dissolução da PIDE/DGS”.
Outra notícia da primeira página denuncia, precisamente, a “escalada da tortura” sobre os antifascistas no estertor da ditadura. Além da tortura do sono, “que chega a prolongar-se por semanas”, em simultâneo, estavam a tornar-se sistemáticos “os selváticos espancamentos a chicote ou a cavalo-marinho”.
 
 
35 anos depois, as ameaças às liberdades conquistadas fazem ‘corar’ os cravos vermelhos da Revolução.
 

Comemoremos os 35 anos da Revolução de Abril

Sobreda, 25.04.09

 

Foi com a Revolução que os trabalhadores e as populações conquistaram os seus direitos fundamentais, rompendo com um regime fascista opressor e que condenava a maioria das pessoas e o país a um inaceitável atraso social e civilizacional.
A maioria dos portugueses vivia na pobreza, não tinha acesso à educação, à saúde e à segurança social. A liberdade e os direitos sociais, sindicais e políticos conquistaram-se com Abril.
Com Abril, conquistou-se o Estado Social cuja principal função é, através dos serviços e da Administração Pública, garantir os direitos fundamentais à saúde, à educação, à segurança social, entre outros.
Os trabalhadores da Administração Pública são o motor desta missão do Estado que deve servir as populações e o país, contribuindo para o desenvolvimento social e para a justa distribuição da riqueza produzida.
Desta forma, os trabalhadores e as populações tiveram um grande progresso social e uma melhoria das suas condições de vida.
Ao longo dos 35 anos da Revolução, Portugal tem assistido à insistência do bloco central em conduzir políticas de direita, hoje desenvolvidas pelo Governo PS/Sócrates, e que têm feito o país retroceder.
Para essas políticas só há uma resposta objectiva: 25 de Abril sempre !!
 

Como são os portugueses 35 anos após a Revolução dos Cravos?

Sobreda, 25.04.09

Segundo dados do INE, em 1970 existiam 8,6 milhões de portugueses. Em 2007 esse número tinha aumentado para 10,6 milhões.

Apesar do aumento populacional, actualmente há menos crianças até aos 10 anos do que havia em 1970 (cerca de um milhão, contra 1,6 milhões, respectivamente). Em contrapartida, o número de pessoas com mais de 70 anos duplicou, passando de 560 mil para 1,2 milhões, resultado do aumento da esperança de vida, que deu mais 13 anos aos homens e 15 às mulheres.
Portugal passou também a ser um país com maior diversidade populacional: enquanto em 1975 residiam no território nacional cerca de 32 mil estrangeiros, segundo dados do Serviço Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em 2007 esse valor subiu para 435 mil, sem contar com os imigrantes ilegais.
Segundo o estudo ‘As Regionalidades Demográficas do Portugal Contemporâneo’, houve um “decréscimo da população portuguesa entre 1960 e 1974”.
A década de 70 começou com um recorde de saídas: 173.300 emigrantes, dos quais 107 mil ilegais procuraram melhores condições de vida fora de Portugal.
Entre 1960 e 1974 registaram-se os valores mais elevados da emigração no país: mais de 1,5 milhões de portugueses, ou seja, 100 mil por ano, saíram de Portugal, de acordo com o Atlas de Portugal do Instituto Geográfico Português.
A inversão desta tendência só aconteceu em 1974 e surgiu ligada à Revolução de Abril. Nesse ano, o aumento demográfico foi de 2,6 por cento, segundo as duas investigadoras do CEPESE (Centro de Estudos de Economia e Sociedade).
O número de emigrantes baixou a partir de 1973 devido à crise económica internacional, à mudança do regime político em Portugal e ao processo de independência das colónias. Em 1974 emigraram apenas cerca de 43 mil portugueses, número que baixou para os 24 mil em 1975.
O regresso de portugueses residentes nas ex-colónias - mais de meio milhão - traduziu-se num aumento populacional expressivo, estimando-se que a população tenha aumentado 14%, na década de 70, sobretudo entre 1974 e 1976, devido ao processo de descolonização.
Uma estimativa feita pelas investigadoras do CEPESE apontava para 8,3 milhões de residentes em Portugal em 1974, contra nove milhões dois anos depois. Nos últimos 30 anos, a população portuguesa envelheceu: nascem cada vez menos crianças e morre-se cada vez mais tarde.
Segundo o estudo do CEPESE, “entre 1960 e 2006, a proporção de jovens desceu de 29 por cento para 16 por cento e os idosos aumentaram de oito para 17%”. Em 2007, pela primeira vez em mais de um século, o número de mortos superou os nascimentos: morreram 103.727 pessoas e nasceram apenas 102.213.
Ainda assim, nesse ano, a população residente em Portugal cresceu ligeiramente, graças a um saldo imigratório positivo de 19.500 pessoas.
Contudo, verificou-se um decréscimo da taxa de natalidade e um aumento da taxa de mortalidade, mas a manutenção da taxa de mortalidade infantil em valores abaixo dos 3,5 óbitos de crianças com menos de 1 ano por mil nados vivos.
Números bem diferentes dos que estavam reflectidos nas estatísticas de 1970, quando morriam 58 crianças com menos de um ano por cada mil nados vivos.
Nesta altura, a taxa de mortalidade infantil em Portugal situava-se 137,2 por cento acima do valor da União Europeia (15 países).
A atestar o contributo dos imigrantes para o aumento da população residente em Portugal refira-se que, em 2007, nasceram em Portugal cerca de 10 mil bebés cuja mãe tem nacionalidade estrangeira. São quase 10% do total de bebés nascidos no país.
 
 
Em conclusão, trinta e cinco anos depois da Revolução de Abril, há mais dois milhões de portugueses. Apesar de terem menos filhos, vivem mais tempo, e a chegada dos imigrantes ajudou a população a crescer.
 
Ver Lusa doc. nº 9576070, 23/04/2009 - 10:30

É preciso licença para comemorar o 25 de Abril em Lisboa?

cdulumiar, 18.04.09

 
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18-Abr-2009

Mais uma vez este ano, o sector de Ambiente da CML, da responsabilidade de Sá Fernandes, exige licença de ruído para as actividades de comemoração do 25 de Abril na Praça Paiva Couceiro, na noite de 24 para 25 de Abril.

Formalmente, os Serviços pretendem aplicar às manifestações de carácter político as leis da publicidade comercial - o que constitui uma verdadeira aberração, como já foi sobejamente demonstrado...

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A ‘mãozinha’ e a ‘visão’ do ‘amigo americano’

Sobreda, 03.10.08
A ‘liderança’ e a «’visão»’ do embaixador dos EUA em Lisboa no pós-25 de Abril, Frank Carlucci, é vista por Jaime Gaima e Rui Machete como fundamental na pacificação do então instável cenário político português.
As reflexões do presidente da AR, e de Machete, presidente da Fundação Luso-Americana, foram feitas na noite de 3ª fª na apresentação do livro “Carlucci vs. Kissinger : os EUA e a Revolução Portuguesa», de Bernardino Gomes e Tiago Moreira de Sá (Ed. D. Quixote), que contou com a presença de protagonistas da revolução como o ex-presidente Mário Soares.
Para Rui Machete, o envolvimento de Washington dos acontecimentos em Portugal, um país da Aliança Atlântica (NATO) em plena Guerra Fria e onde o Partido Comunista demonstrava grande capacidade de mobilização, é marcado pela “divergência de perspectivas” entre o embaixador despachado para Lisboa no início de 1975 e o seu secretário de Estado, Henry Kissinger.
Para Machete, Carlucci “viu mais longe e melhor”, nomeadamente nas eleições para a Assembleia Constituinte, em que o Partido Comunista não passou de terceira força política, longe do número de deputados eleitos pelo PPD e pelo PS.
No livro, que recorre a documentos desclassificados dos arquivos norte-americanos para reconstituir como os EUA acompanharam a situação em Portugal de 1974 a 1976, Carlucci admite ter coordenado directamente todas as actividades da agência de inteligência externa norte-americana CIA em Portugal no Verão Quente de 1975.
“Tudo o que a CIA fez foi sob o meu comando. Qualquer acção que possa ter desenvolvido destinava-se a executar a política dos EUA, que era apoiar as forças ‘democráticas’ em Portugal. A CIA era parte da equipa [da embaixada] e eles faziam o que lhes mandava”, afirma o ex-diplomata na obra. Para Jaime Gama, entre Kissinger e Carlucci não havia “um antagonismo radical mas uma diversidade de visões” sobre a revolução.
A “liderança diplomática” de Carlucci, afirmou, foi decisiva no equilíbrio da postura norte-americana, que, contra a expectativa dos sectores mais intervencionistas, nunca passou de um nível «baixo», de mero apoio às forças partidárias democráticas. Ainda assim, afirmou, os EUA “mantiveram todas as opções em aberto”, até porque “não se podia prever totalmente os desenvolvimentos do processo político em Portugal”. Gama considerou “extraordinário” o contributo dado pela obra mas não deixou de observar a “omissão” das relações entre os EUA e Portugal sobre Angola e a descolonialização.
Bernardino Gomes evocou palavras do antigo embaixador norte-americano, vincando o carácter único da revolução portuguesa, que se converteu numa transição para a democracia “sem derramamento de sangue”. “A obra apresentada é, no entanto, uma visão sobre a posição dos EUA durante a implantação da democracia portuguesa e não uma história da revolução portuguesa”, esclareceu o autor.
“A obra resume as dificuldades da política externa americana numa época importante da Guerra Fria, onde Portugal esteve no centro da situação”, comentou o dirigente do Instituto Português de Relações Internacionais, Carlos Gaspar, também presente na cerimónia. Tiago Moreira de Sá deixou um apelo para que em 2009, a propósito dos 35 anos do 25 de Abril, seja aproveitada a “oportunidade para divulgar a História” do período.
Este trabalho resulta de quatro anos de investigação nos EUA e em Portugal, através da consulta de arquivos e de muitos documentos norte-americanos desclassificados, e aborda todas as fases da revolução portuguesa - o 28 de Setembro, o golpe de 11 de Março, o Verão Quente e o 25 de Novembro.
Num país à beira da guerra civil, no Verão Quente, os autores consideram que o PS, liderado por Mário Soares, chegou mesmo a “pedir ajuda militar” - pedido esse recusado - e que só terá chegado passado o 25 de Novembro, com a entrega de material para a tropa de choque 1.
Ou seja, para os mais atentos não há aqui qualquer novidade. É afinal a confirmação do que já muitos há muito tempo sabiam: a ingerência americana no nosso país era bem real e com pedidos internos expressos, dos mesmos que viriam a meter o socialismo na gaveta e apagando a ‘luz ao fundo do túnel’. Ainda há quem tenha memória curta?