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CDU LUMIAR

Blogue conjunto do PCP e do PEV Lumiar. Participar é obrigatório! Vê também o sítio www.cdulumiar.no.sapo.pt

CDU LUMIAR

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Gestão incompetente, estratégia para destruir o Serviço Nacional de Saúde ou ambas?

teresa roque, 28.03.10
 

A passagem à reforma desde o início do ano de cerca de 600 médicos do serviço público (metade dos quais médicos de família) e a ruptura pública na prestação de cuidados de saúde e na doença, coloca mais uma vez no centro do debate em torno da saúde, a importância dos recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde.

Alguns dos que mais têm procurado denegrir e debilitar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), com o objectivo de retirar ao Estado a sua função de prestador de cuidados de saúde entregando-a aos grupos privados, apressaram-se a tecer alguns comentários, procurando fazer passar a ideia de que não há nada que o governo possa fazer para conter esta saída. Nada mais falso!
A incapacidade de planeamento e gestão dos recursos humanos da saúde, por um lado, e uma estratégia de destruição do SNS que tem como uma das componentes fundamentais facilitar a fuga de profissionais para o privado, por outro, estão na génese da política de direita dos sucessivos governos do PS e PSD, com ou sem o CDS-PP. A saída precoce por via da antecipação das reformas é o resultado de uma mistura entre as penalizações introduzidas pelo Governo do PS nas reformas na Administração Pública e o mau estar que se vive no seio dos médicos que prestam serviço no SNS, com a desvalorização social, profissional e salarial a que têm sido sujeitos.
Os arautos do «Estado mínimo na saúde» sabem que uma gestão ruinosa dos recursos humanos na saúde é a forma mais eficaz de destruírem o SNS, independentemente dos prejuízos causados aos utentes, nomeadamente nas dificuldades crescentes que estes vão sentindo no acesso aos cuidados de saúde. A própria Organização Mundial de Saúde afirmou há poucos dias que Portugal era o País da União Europeia com maiores desigualdades no acesso aos cuidados de saúde.
Há muito que o PCP vem chamando a atenção para a previsível falta de médicos nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) e para as causas de uma situação inaceitável que mantém mais de 700 mil portugueses sem médico de família. A imposição de barreiras administrativas no acesso de muitos jovens aos cursos de medicina, opção defendida por PS, PSD e CDS-PP, com o apoio activo da Ordem dos Médicos, a não abertura das vagas necessárias para a especialidade de Medicina Geral e Familiar, a par desvalorização que tem sido feita dos CSP tornando esta especialidade pouco atractiva para os jovens médicos, são as principais causas de uma situação que terá o seu ponto mais crítico por volta de 2015, ano em que 80 por cento dos médicos terão mais de 55 anos.
Hoje em Portugal a pirâmide da distribuição dos médicos pelos vários cuidados de saúde está completamente invertida. Por cada médico nos CSP existem 3,6 médicos nos hospitais, enquanto na Dinamarca por cada médico hospitalar existem 4 médicos nos CSP.

Governo é parte do problema

Mas a falta de médicos, particularmente nos CSP, é apenas uma parte, importante sem dúvida, do todo que inclui a falta de outros profissionais do sector, como é o caso dos enfermeiros. De acordo com os rácios da Organização Mundial de Saúde faltam cerca de 20 mil enfermeiros no SNS, nomeadamente enfermeiros de família, peça central numa verdadeira política de Cuidados de Saúde Primários. Apesar disto mais de três mil enfermeiros estão desempregados e inscritos nos Centros de Emprego.
O Governo do PS não está em condições de encontrar soluções porque ele é parte do problema. Entretanto, para evitar a ruptura de alguns serviços, vai permitindo a subcontratação, mesmo em situações de clara ilegalidade, de profissionais através de empresas de aluguer de mão-de-obra que por vezes chegam a cobrar o dobro daquilo que pagam ao trabalhador. Ilegalidade que se comete com a contratação de pessoas para os próprios serviços do Ministério da Saúde.
A solução não passa por criar regimes de excepção e muito menos legalizar qualquer solução que passe pela possibilidade do mesmo profissional ter nos serviços públicos a reforma e um salário. Conter a saída para as reformas antecipadas passa pela alteração das regras de aposentação e por garantir melhores condições de trabalho e salariais, pela garantia do vínculo público e a valorização das carreiras.
É fundamental restabelecer o princípio de salário igual para trabalho e condições de trabalho iguais, tornando mais atractiva a prestação de serviço no SNS, bem como o espírito de missão conforme à prestação de um serviço público de saúde, garantindo elevados níveis de qualidade dos cuidados.

 

Jorge Pires
Membro da Comissão Política do PCP

Publicado no Jornal " AVANTE " de 25.03.2010

PCP: Em defesa da Saúde para todos e dos direitos dos trabalhadores do Sector

teresa roque, 03.12.09

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Está em distribuição o Boletim do Sector da Saúde da ORL do PCP. De entre o conjunto de artigos dedicados ao sector, destacamos os seguintes: Viva o Serviço Nacional de Saúde; De como o dinheiro para a Saúde vai parar aos bolsos dos privados; "taxas moderadoras"; Em risco o ACT para os Hospitais EPE; O silenciamento do PCP e das suas iniciativas; extinsão das carreiras nos serviços gerais de saúde. 

Ler Boletim em PDF

A escolha do local para o novo Centro de Saúde

Sobreda, 17.09.09

No passado dia 14 de Setembro, às 9h32, a CDU recebeu, por e-mail, o seguinte pedido de esclarecimento sobre o seu programa eleitoral.

«Bom dia,
Gostaria de manifestar a minha opinião sobre o vosso manifesto: Novo edifício do Centro de Saúde para as populações da Charneca e da Ameixoeira.
- Porque não se pensa lutar por aproveitar, a utilização do edifício da Escola da Charneca (junto à Igreja) que encontra desocupada. E transferir as duas extenções da Musgueira e Charneca para este edifício. Actualmente este edifício está abandonado.
fernando.carrera@sapo.ptmorador da Ameixoeira
Cumprimentos, Fernando Carrera
 
A resposta enviada nesse mesmo dia, pelas 16h04, esclarece o seguinte:
«Boa tarde. Agradecemos a sua opinião que também já nos foi transmitida por alguns moradores das Galinheiras.
No entanto, pensamos que este problema já não se consegue resolver só com a boa vontade de quem sugere, porque há mais de 10 anos que se propôs a utilização de alguns equipamentos desocupados como o caso do Forte da Ameixoeira e nunca foi possível, alegadamente por falta de condições financeiras para a sua recuperação. A verdade é que actualmente foi tudo recuperado para funcionarem lá os Serviços Secretos ou de Informação e já não houve falta de verbas...
Por isso pensamos que a estratégia de luta terá que passar por compromissos que já estão aceites como reais e, neste caso, existe terreno disponível na posse da CM Lisboa, para a construção da nova Extensão do Centro de Saúde no Montinho de São Gonçalo e até já existe um projecto do edifício. Nós defendemos apenas a sua concretização urgente, sendo aliás curioso o facto de brevemente ir a reunião de Câmara uma proposta para transferir esse terreno e outros para a posse da ARS de Lisboa. Após vários anos de reivindicação da CDU e das populações, aproximam-se eleições e as propostas começam a sair das gavetas do Executivo PS na CML...
Vemos a utilização do equipamento escolar na Charneca como eventual solução provisória adaptada e isso poderia demorar a concretização desta solução definitiva feita de raíz, a qual defendemos e está prevista há vários anos.
Poderá e deverá, no entanto, ser estudado o seu aproveitamento, visto que é uma àrea carenciada de outros equipamentos sociais.
Bruno Rôlo, Candidato da CDU à Assembleia de Freguesia da Ameixoeira cdu.ameixoeira@gmail.com»

Câmara cede cinco terrenos para centros de saúde

Sobreda, 16.09.09

 

A CML discute esta 4ª fª a cedência do direito de superfície de cinco terrenos municipais destinados À construção dos centros de saúde da Belém, Boavista, Campolide, Carnide e Montinho de São Gonçalo. O direito de superfície dos terrenos é cedido pela autarquia à Administração Regional de Saúde por 99 anos para a construção de edifícios concebidos especificamente para prestarem cuidados de saúde.
De acordo com a proposta do executivo, o terreno municipal cedido para edificar a unidade de saúde do Montinho de São Gonçalo terá 2.200 metros quadrados, situando-se na Rua António Dacosta, entre a freguesia da Ameixoeira/Charneca, com um valor estimado em 455 mil euros.
No caso de Carnide, a unidade de saúde será instalada num terreno com 4.800 metros quadrados, onde hoje se localiza o Parque dos Artistas de Circo, na estrada da Correia, mesmo ao lado da Casa do Artista, com um valor estimado 1,9 milhões de euros.
Os terrenos foram validados pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que concluiu que apresentavam as “características adequadas à função a que se destinam, quer em termos de dimensão, quer de localização face à área de abrangência dos centros de saúde”.
A carta de equipamentos de saúde apontara para a necessidade de novas unidades nas áreas de influência dos centros de saúde de Benfica, Lumiar, Sete Rios, Olivais, Marvila, Ajuda e Alameda, concluindo como passíveis de avançar de imediato as unidades no Parque das Nações, no Montinho de S. Gonçalo (Alta de Lisboa), em Carnide, Benfica (Rua Rodrigues Migueis), Campolide, Pedrouços e no Bairro da Boavista.
A carta de equipamentos de saúde apontou também para a necessidade de criação de mais de 1.500 camas ou lugares em unidades de cuidados continuados, faltando determinar o grau do reforço necessário em meios humanos 1.
Recorde-se que há muito os utentes de saúde da Ameixoeira, Charneca e Lumiar vêm reivindicando a edificação do há quase 10 anos prometido Centro de Saúde do Montinho de São Gonçalo, tendo mesmo lançado uma petição 2. É que o Centro de Saúde do Lumiar, que serve a população das freguesias da zona norte da capital, tem inscritos cerca de 93.000 utentes. Porém, destes, mais de 20 mil não têm médico de família.
Por este e por outros justificados motivos, um grupo de utentes do Centro de Saúde do Lumiar constituí-se em Comissão Promotora de uma Associação de Defesa dos Utentes da Saúde das Freguesias da Ameixoeira, Charneca e Lumiar, promovendo um abaixo-assinado onde se vem exigindo o fim de utentes sem médico de família no Centro de Saúde do Lumiar.
Também os utentes de Carnide vêm protestado desde há alguns, quer ao Presidente da República, quer ao Ministro da Saúde, a quem entregaram um documento com 2.000 assinaturas reclamando um novo Centro de Saúde para Carnide, a sexta maior freguesia de Lisboa, que responda às necessidades dos cerca de 21 mil moradores da freguesia, dos quais 7 mil pessoas sem médico de família.
Na altura, a promessa do titular da pasta da Saúde acabou por, achando justa a reivindicação, considerar “que se poderá avançar para a instalação de uma unidade de saúde em contentores” 3. Eis porque é preciso continuar a lutar.
 

Calor no Ricardo Jorge pode pôr em risco valor das análises

Sobreda, 06.09.09

O cenário parece saído de um país de terceiro mundo: quando o calor aperta em Lisboa, investigadores e técnicos de alguns laboratórios do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) 1 trabalham sob temperaturas que por vezes ultrapassam os 35 graus, a transpirar debaixo de batas, luvas e máscaras.

Há arcas frigoríficas que descongelam e equipamentos de diagnóstico que frequentemente dão erro por excesso de temperatura. O problema é denunciado por investigadores e técnicos do departamento de doenças infecciosas do Insa, cansados de reclamar uma solução para a situação que alegam poder pôr em causa a qualidade e fiabilidade dos resultados das análises.
Pedindo o anonimato por temerem retaliações do Conselho Directivo (CD) do Insa, os funcionários dizem que têm denunciado internamente o problema e reclamado a colocação de vulgares aparelhos de ar condicionado nos laboratórios, sem sucesso. Sucessivas queixas foram feitas ao longo dos anos, este Verão houve mesmo quem ameaçasse parar com a actividade, mas nada surtiu efeito imediato. Uma solução foi prometida para 2010.

 

 

Das mais de duas dezenas de laboratórios - incluindo da Av. Padre Cruz, no Lumiar - a maior parte não tem ar condicionado, ao contrário do que sucede nos serviços administrativos, criticam.
Os técnicos e investigadores contrapõem que os problemas são sistemáticos, muitas vezes diários, o que “é lamentável” num Instituto que é o laboratório de referência para várias doenças do país. Como os equipamentos dos laboratórios produzem por si só calor, provocam uma espécie de efeito de estufa que faz com que a temperatura no interior dos laboratórios seja superior à temperatura externa, levando ao colapso de algumas máquinas.
Mas o problema não se circunscreve aos equipamentos. Para além de estes avariarem com o calor ou darem erros, obrigando a repetir baterias de testes (porque os resultados são inválidos), há kits de diagnóstico que têm de permanecer a uma temperatura ambiente de 15 a 20 graus e chegam a estar a mais de 35.
“Como podemos garantir a qualidade dos reagentes de diagnóstico nestas circunstâncias”. E destacam o prejuízo de ter que se mandar para o lixo todo este material e de fazer controlos para garantir a qualidade dos resultados. Tudo isto implica uma despesa acumulada de milhares de euros que já teria compensado a compra de aparelhos de ar condicionado.
O conselho directivo explica que decidiu privilegiar a manutenção do sistema central de climatização (que regula o calor e o frio) em detrimento da instalação pontual de unidades de ar condicionado devido “às implicações ambientais, arquitectónicas e de ineficiência energética que provocam”. Sublinha ainda que o problema se circunscreve à sede do Insa (na Av. Padre Cruz) 2.
 

Interpelação do PCP ao Governo sobre política de Saúde - Direito à saúde sob ameaça

teresa roque, 12.07.09

O Grupo Parlamentar do PCP voltou há dias a colocar na ordem do dia esta dramática realidade que põe em causa esse direito precioso das pessoas que é o direito à saúde, tal como a Constituição o consagra, acusando o Governo de com a substituição de Correia de Campos por Ana Jorge ter procedido a uma «mudança de estilo» que serviu apenas «para disfarçar a manutenção da política».
Esta foi uma tese central deixada pelo líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, na interpelação ao Governo centrada na política de Saúde que a sua bancada promoveu há dias e no decurso da qual foi demonstrado que o País tem vindo a assistir a um contínuo agravamento da situação na saúde.

Gastos acrescidos

Disso é testemunho desde logo o facto de entre 2003 e 2007 os gastos privados em saúde terem sofrido um aumento de 33 por cento, passando de 3 500 para 4 600 milhões de euros, sendo que esse valor suportado pelas famílias àquela última data já correspondia a 2,8% do PIB.
Acompanhando a sua intervenção inicial pela projecção de gráficos com informação estatística detalhada sobre a realidade descrita, Bernardino Soares passou em revista os aspectos fundamentais da acção do ministério da Saúde, não poupando críticas a uma política que do seu ponto de vista beneficia descaradamente o sector privado e, simultaneamente, degrada o Serviço Nacional de Saúde.
A crítica do presidente da bancada comunista foi arrasadora perante uma equipa ministerial que, jogando à defesa e fugindo quase sempre às questões colocadas, teve de ouvir realidades incómodas como é o caso da relativa à despesa dos utentes com medicamentos, que aumentou de 671 para 766 milhões de euros entre 2005 e 2007, ou seja, em apenas três anos os utentes pagaram mais 95 milhões de euros. «O Governo decidiu poupar dinheiro à custa dos utentes em vez de o ir buscar aos lucros do sector do medicamento», acusou Bernardino Soares, antes de demonstrar, por outra parte, como a falta de médicos de família, que classificou como «um dos casos mais graves» (em apenas seis anos, de 2001 a 2007, a percentagem de médicos de família com mais de 50 anos passou de 23% para 77% do total de médicos nesta especialidade), pode vir a ter «consequências devastadoras nos cuidados de saúde primários e por arrastamento em todos os serviços de saúde».
Questão forte trazida para o centro do debate pela bancada comunista foi também a da falta de enfermeiros (15 mil nos hospitais e cinco mil nos centros de saúde), carência que resulta apenas da política de restrição de trabalhadores na administração pública, com consequências quer em termos de agravamento do desemprego como no plano da insuficiente resposta às necessidades de cuidados da população.

Desinvestimento público

A concentração de serviços, com encerramentos de extensões de saúde, SAP, urgências hospitalares, maternidades e blocos de parto baseados apenas em razões economicistas e em falsos critérios técnicos, foi outra das questões suscitadas pela bancada do PCP, que se insurgiu contra o facto de em muitos locais o serviço público ter sido substituído pelo privado.
Alvo de acesa crítica foi ainda o favorecimento do sector privado (ver caixa), bem como a política do medicamento, a qual, no entender de Bernardino Soares, está «completamente refém dos interesses privados do sector».
Visto com muita preocupação pelo PCP é igualmente o financiamento do SNS, tendo sido verberado com dureza o seu sistemático subfinanciamento (de 2005 para 2009, em percentagem do PIB, diminuiu de 5,1% para 4,8%), o que se traduz num «claro desinvestimento nos serviços públicos de saúde», com a consequente restrição da capacidade dos serviços em planos como o do atendimento aos utentes, disponibilidade de consultas, cirurgias e tratamentos.
Orientação governativa que o PCP não perdoa é também a que privilegia o ataque aos profissionais de Saúde, no quadro do ataque à administração pública, «precarizando os seus vínculos, atacando as suas carreiras e degradando as suas condições de trabalho».

Reforma falhada

Para a bancada do PCP, que apresentou com detalhe as linhas essenciais de uma política alternativa (ver caixa), estes quatro anos de política de direita ficam ainda marcados pelo falhanço da propagandeada reforma dos cuidados primários de saúde. «Apesar de princípios positivos, a criação de Unidades de Saúde Familiar fez-se em muitos casos à custa de outras unidades de saúde a quem foram retirados profissionais, continua a não ter o objectivo da generalização a todos os utentes e continua a ter na lei a possibilidade da sua privatização», sumariou Bernardino Soares, convicto de que esta reforma dos cuidadoso primários de saúde «falhou e deixou por resolver os principais problemas».

 

Jornal "AVANTE" de 09.07.2009

Cedência de terrenos para centros de saúde

Sobreda, 01.07.09

Foi hoje aprovado em reunião da CML a celebração um contrato-programa para a cedência de terrenos municipais à Administração Regional de Saúde (ARS) para a construção de seis centros de saúde.

A proposta, subscrita pelos vereadores do Urbanismo, da Acção Social e das Finanças e Património, foi aprovada em reunião do executivo com o voto contra do movimento Lisboa com Carmona e a abstenção dos vereadores do PSD e do PCP.
As obras deverão estar concluídas no prazo de dois anos, segundo a minuta do contrato-programa a assinar entre a CML e a ARS de Lisboa e Vale do Tejo. O direito de superfície dos terrenos cedido à ARS vigorará enquanto os serviços de saúde se mantiverem instalados nos edifícios a construir.
Em causa está a construção dos centros de saúde de Belém, Boavista, Carnide, Campolide, Alta de Lisboa Norte e de Benfica. Mas a situação mais grave é o facto de a CML ceder os terrenos à administração central sem qualquer compensação.
A reunião da CML teve também a visita da comitiva da perfeita da cidade de Natal, a autarca Micarla Weber, que ontem também esteve presente na AML
 

Entrega à gestão privada de equipamentos sociais motiva protesto de rua

Sobreda, 29.06.09

Algumas dezenas de pessoas concentraram-se na 6ª fª frente à Segurança Social da Alameda, em Lisboa, e depois no Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS), para exigir o fim da privatização de equipamentos sociais e a recolocação dos funcionários entretanto afastados ou colocados em mobilidade especial.

Um representante da Federação dos Sindicatos da Função Pública, organizadora do protesto, disse ter exemplos confirmados da entrega de equipamentos de acção social do Instituto da Segurança Social (ISS) à gestão de privados. É o caso do Centro Infantil Olivais Sul, entregue à Fundação Aga Khan, e do Centro Infantil de A-da-Beja, que passará a ser gerido pela Câmara da Amadora.

Ainda de acordo com o sindicalista, "há suspeitas" de que mais equipamentos sociais, um pouco por todo o país, venham a passar para mãos de privados, informação que diz não conseguirem confirmar nem junto do ISS nem do MTSS porque, diz, não reúnem com os sindicatos.

A entrega dos equipamentos tem motivado reclamações por parte dos funcionários. "Para os trabalhadores tem [como consequência] a possibilidade forte de irem para a mobilidade especial", acabando os destacamentos, disse o responsável.

Uma das trabalhadoras da área da saúde, com 58 anos, é um dos rostos do descontentamento. Queixa-se que, com 40 anos de serviço, 30 dos quais como auxiliar no Centro Infantil Olivais Sul, foi retirada do local de trabalho que conhecia há décadas, diz, à sua revelia. "Durante este processo, senti-me usada e abusada e não percebo muito bem porque é que, no acordo que foi feito com a Fundação Aga Khan, os funcionários não puderam ficar".

 

CML cede gratuitamente terrenos ao Governo

Sobreda, 15.06.09

Na Carta de Equipamentos de Saúde da CML, elaborada pela autarquia em conjunto com a ARSLVT, foram identificadas as necessidades da cidade em matéria de cuidados primários de Saúde (os Centros de Saúde) e da rede de cuidados continuados. Depois de analisada na CML, a proposta foi recentemente submetida à Assembleia Municipal de Lisboa e aprovada também na reunião deste órgão deliberativo.

De acordo com uma proposta da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), a cidade de Lisboa vai ter 27 novos centros de Saúde. A CML vai ceder os terrenos ao Ministério da Saúde com uma duração de várias décadas.
Destes 27 centros, oito têm carácter prioritário, devendo ser aprovados muito em breve. A maioria das novas instalações vai erguer-se em terrenos municipais e corresponderá à substituição de outros centros que já existem, mas que não cumprem “condições satisfatórias”. Nestes casos, 20 ao todo, trata-se de uma transferência dos serviços para outras instalações.
Haverá também centros adicionais. Ao todo são sete, seis dos quais em terrenos que a CML vai ceder à ARSLVT por um período de 50 anos.
Nem sequer existe qualquer “comparticipação financeira da parte da ARSLVT, porque se considera que estes centros vão beneficiar a população lisboeta e essa é a principal contrapartida”, explica a adjunta da vereadora da Habitação e Acção Social 1.
Porém, os terrenos municipais são mais uma vez cedidos a troco de ‘feijões’, à semelhança do que aconteceu com parte do Parque da Bela Vista para a instalação do futuro Hospital de Todos-os-Santos. E sobre o que acontecerá aos terrenos do IPO, na Praça de Espanha, do Hospital de D. Estefânia, e dos restantes Hospitais Civis de Lisboa, a desactivar pelo Governo, nada se sabe.
Ou seja, estamos perante uma sequência de orientações da Administração Central tendentes ao dimensionamento dos equipamentos de saúde, leia-se, encerramento, concentração ou parcerias privadas de unidades de saúde, sejam elas hospitais civis ou especializados, oncológico ou pediátrico. É neste contexto que foi apresentada a ‘Carta de equipamentos de saúde de Lisboa'.
Porém, não se trata de um processo acabado ou para concretização imediata. Trata-se, apenas, de mais uma peça na sequência de inúmeros estudos e projectos. O seu preâmbulo refere que, para a prossecução da ‘Carta', seria necessário rever equipamentos não territorializados, que carecerem de processos de negociação ou avaliação da viabilidade do edificado.
Pergunta-se: porque tem a CML de ceder gratuitamente terrenos ao Governo? 2.
 

Continuam a faltar clínicos para 700 mil cidadãos

Sobreda, 28.05.09

As 170 novas Unidades de Saúde Familiar, pequenos centros de saúde de proximidade, permitiram, em três ano e meio, que mais dois milhões de pessoas tivessem médico de família mas estes profissionais continuam a faltar a 700 mil cidadãos.

Os números foram avançados 3ª fª à noite, em Lisboa, por especialistas do sector da Saúde na IV Tertúlia do Alto, sobre ‘Cuidados de Saúde Primários’, que terminou na passada madrugada.
O coordenador da Unidade de Missão de Cuidados de Saúde Primários revelou que, em três anos e meio de reforma dos cuidados de saúde primários, foram criadas 170 Unidades de Saúde Familiar (USF). Das 250 candidaturas aceites - de um total de 309 apresentadas voluntariamente - aguarda-se a entrada em funcionamento de mais 80 USF.
Mas há distritos que continuam sem Unidades de Saúde Familiar, “pequenos centros de saúde de proximidade”, por haver, entre outros motivos, “poucos médicos que têm uma carga de trabalho muito grande”.
Também a presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos apontou as fragilidades da reforma, salientando a “desigualdade de acesso ao médico de família integrado na USF”. Assim, 700 mil doentes não beneficiam destes profissionais.
A médica alertou ainda para o facto de 73% dos médicos de família terem idade de pré-reforma, entre 50 e 60 anos, e para os atrasos no pagamento dos incentivos.
O número real de pessoas sem médico de família não é consensual para a tutela ministerial. Na lista de pessoas sem médico de família, que continua por concluir, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, apenas constarão as que não têm acesso ao médico de família por opção.
A reforma dos cuidados de saúde primários prevê igualmente a criação de unidades de saúde pública, de cuidados especializados e de cuidados para a comunidade (saúde escolar, ocupacional, atendimento domiciliário...). Não foram indicados prazos para a sua concretização.