Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CDU LUMIAR

Blogue conjunto do PCP e do PEV Lumiar. Participar é obrigatório! Vê também o sítio www.cdulumiar.no.sapo.pt

CDU LUMIAR

Blogue conjunto do PCP e do PEV Lumiar. Participar é obrigatório! Vê também o sítio www.cdulumiar.no.sapo.pt

Novo ‘parque de estacionamento’ gratuito em Telheiras

Sobreda, 05.01.09

Se existem bairros onde os pilaretes constituem uma inútil protecção dos cidadãos e um mero empecilho para os invasores do espaço público, Telheiras consegue, lamentavelmente, apresentar uma elevada taxa com inúmeros exemplos destes despropositados abusos 1.

Desta vez a ‘novidade’ situa-se junto aos recém-inaugurados (há exactamente dois meses) jardins Caldeira Cabral e Sousa Franco 2, no meio dos quais se situa uma nova unidade de restauração, rodeada pelas duas entradas do Metro de Telheiras.

Aquando as referidas inaugurações, foi colocada sinalização vertical de ‘trânsito proibido’, de ambos os lados da Estrada de Telheiras e da Rua prof. Francisco Gentil, negando o acesso a veículos nos acessos aqueles espaços ajardinados.

 

 

 

Considerando a ‘inoportunidade’ dessa sinalização, para um fácil acesso motorizado de proximidade à área de café e restaurante, alguém (utentes, clientes, funcionários do espaço comercial?!) não foi de meias-medidas: ‘se está a mais, bota-a-baixo’. E, num par de meses, logo se encontrou a solução ‘zero’: zero sinais de trânsito, zero pilaretes, zero segurança, mas…, muita acessibilidade automóvel.
Antevendo a habitual impunidade - leia-se ‘zero’ de fiscalização camarária ou de policiamento -, 'alguém' partiu os pilaretes suficientes para uma viatura ali passar a ter acesso e, não contentes com isso, rasgaram pela base e derrubaram o sinal de ‘trânsito proibido’.
Sendo, precisamente, um local de confluência das saídas pedonais do Metro, tal façanha aumentou a insegurança na circulação dos peões no passeio de ligação entre a paragem da Carris e a entrada do Metropolitano.

 

 

 

Na antevéspera do Ano Novo, esse ‘alguém’ começou por procurar disfarçar o derrubado sinal entre a vegetação. Mas, este fim-de-semana, o sinal havia já recuado uma vintena de metros, para cima de um coto de árvore, do outro lado da paragem de autocarros da Carris.

O resultado é óbvio: estacionamento grátis!
Aliás, à noite, horário de maior afluência do bar-snack-restaurante, contam-se, no mínimo, 10 carros ali estacionados. Para os moradores do local, é incompreensível que quem vai ali pagar uns ‘copos’ não tenha uns trocos para parquear no estacionamento subterrâneo da Praça Central de Telheiras.
Imagine-se, a partir de agora, o quanto não deverá crescer o trânsito nesse local quando, em dias de futebol, novos condutores descobrirem esse 'parque' gratuito. Ou quem for tomar o Metro e quiser levar o seu ‘carrinho’ para bem perto das escadas do Metropolitano.
Saberão a CML e a Junta de Freguesia agir, com urgência, em conformidade, repondo a legalidade?
 

O caso das passadeiras desaparecidas

Sobreda, 28.08.08

Ainda a propósito do caso “Inquérito aponta para descoordenação na CML no caso de atropelamento mortal” junto à Escola D. José I, no Lumiar, transcrito na comunicação social 1 e recentemente analisado neste blogue 2, cabe aqui produzir uma observação retrospectiva (com um agradecimento prévio aos seus autores), recuperando uma dúvida omissa no inquérito.

Em Janeiro de 2006, a Associação de Moradores do Alto do Lumiar escrevia o seguinte:
Como alguns moradores tem vido alertar, as passadeiras na Alta de Lisboa/Alto do Lumiar desapareceram em alguns locais. Este alerta não seria necessário se as entidades competentes procedessem a verificação periódica dos (sic) estado das passadeiras. Na realidade em alguns pontos encontramos sinalização vertical indicando a existência de passadeira mas infelizmente as mesmas já desapareceram.
O excesso de velocidade de alguns condutores, e a sua falta de civismo, coloca em perigo a vida de todos os residentes mas em especial dos idosos e das crianças e jovens que todos os dias têm necessidade de utilizar as passadeiras, em especial nas suas deslocações para as escolas locais.
(…) aqui fica o apelo para que as entidades competentes procedam à pintura das passadeiras3.
Dois meses e uma semana depois a Associação rejubilava ao fazer o ponto da situação:
Por vezes existe o péssimo hábito de mencionar só o que está mal, no entanto penso que se deve igualmente mencionar o que foi resolvido ou corrigido, por isso aqui fica uma nota positiva: a passadeira junto à Escola Secundária D. José I foi novamente pintada4.

 

 

É caso para perguntar: então se há dois anos havia (pelo menos) uma passadeira assinalada (e entretanto esbatida) em frente à Escola D. José I, e, em alguns locais, sinalização vertical, quem é responsável pela sua remoção após a conclusão das obras e reabertura da via (Av. Carlos Paredes) onde sucedeu o acidente mortal? Quem é (ou são) a(s) entidade(s) responsável(is) pelo empreendimento e infra-estruturas daquela zona da capital?
Quem afirmou, no dia 21 de Maio deste ano, escassos 15 dias antes do acidente, que “teve lugar a abertura ao trânsito da Avenida Carlos Paredes, passando a circulação a efectuar-se pelas faixas respectivas o que contribui para uma maior fluidez de trânsito e melhor ordenamento. Até ao final do mês estão previstas um conjunto de acções de dinamização do espaço público que incluem a pavimentação e sinalização horizontal e vertical, a pintura de passadeiras e a replantação dos separadores de Avenidas”? 5
E o instrutor do processo só conclui que houve “faltas de coordenação e de comunicação entre os serviços municipais e entre os serviços e a SGAL”? 1 Pois essas ‘faltas’ custaram a vida da jovem Joana.
 
1. Ver Público do dia 2008-08-24, p. 16

Descoordenação entre a CML e a SGAL foi causa de atropelamento mortal

Sobreda, 25.08.08

 

Na sequência de um acidente no passado dia 4 de Junho em frente à Escola EB 2-3 D. José I, no Alto do Lumiar, a CML decidiu investigar o atropelamento da malograda jovem Joana Santos, de 12 anos 1.

 

 

A principal conclusão do inquérito interno da CML, que foi aberto para apurar eventuais falhas do município no acidente junto à escola, não poupa críticas ao desempenho dos serviços municipais e da Sociedade Gestora da Alta de Lisboa (SGAL): houve falta de coordenação e de comunicação entre serviços da CML e a sociedade privada gestora da Alta de Lisboa na intervenção ao nível da segurança rodoviária junto à escola onde se verificou o atropelamento mortal de uma aluna.
Num extenso dossier de mais de 100 páginas, o instrutor conclui que houve “faltas de coordenação e de comunicação entre os serviços municipais e entre os serviços e a SGAL”, concluindo que “não existem indícios de infracção disciplinar na actuação dos serviços e funcionários”. Porém, o relatório não poupa críticas ao desempenho dos serviços da CML e da SGAL, promotora imobiliária privada que é a entidade responsável pelo empreendimento e infra-estruturas daquela zona da capital, à luz de um contrato celebrado com a autarquia.
Segundo o mesmo relatório, os departamentos em causa funcionaram como se fossem ilhas: “Cada serviço agia, apenas, de acordo com a sua óptica do problema, considerando que os aspectos que diziam respeito ao serviço do lado lhes era alheio”, lê-se no documento que indica também algum desconhecimento da realidade.
O Departamento de Segurança Rodoviária e Tráfego da CML, por exemplo, “não conhecia o projecto pormenorizado das vias para a área envolvente da Escola D. José I”. E a Unidade de Projecto do Alto do Lumiar (UPAL) - serviço da CML que tem por objectivo de assegurar a gestão e a reconversão urbanística da zona - “não conhecia a calendarização da abertura do lado sul da Avenida” onde se situa a escola (troço em obras antes do acidente) e que alterou as condições de circulação no local.
Foi também apurado que “a generalidade das infra-estruturas do Alto do Lumiar não estão a ser recebidas pela CML, apesar de estarem em funcionamento”, o que leva a uma “indefinição jurídica” sobre quem é responsável pela sua actual manutenção.
Os resultados do inquérito denotam também “falta de funcionários em quantidade ou qualificação suficientes para assegurarem algumas funções importantes”. No Departamento de Segurança Rodoviária e Tráfego, por exemplo, o técnico responsável pelo Lumiar e outras zonas próximas declarou ser um aprendiz e “nunca ter exercido” as funções !! [Este só pode ser o resultado das contratações na autarquia seguirem o critério da cor do cartão partidário].
A comunicação por parte dos serviços também é criticada: “Na generalidade, é pouco clara e, frequentemente, não indicativa do que se pretende”. Por último, o relatório conclui que a intervenção da UPAL é “essencialmente gestionária”, visto o director desta unidade reconhecer durante o inquérito que o acompanhamento à urbanização do Alto do Lumiar é feito numa “perspectiva de gestão e não de fiscalização, que seria impossível”.
Perante este relatório, o presidente da CML vem agora determinar que sejam executadas as obras propostas pelo autor do inquérito para melhorar a segurança rodoviária na zona envolvente da escola. Em despacho, de 22 de Julho, Costa determina que as intervenções devem estar concluídas até ao início deste ano lectivo, e avisa que “não devem ser adiadas por dúvidas quanto ao âmbito da responsabilidade entre município, SGAL e Estado” 2.
A SGAL ainda não se quis pronunciar sobre o relatório, embora, segundo a assessoria de imprensa da CML, as obras recomendadas estejam em andamento. E a culpa? Vai mais uma vez morrer solteira ou dará origem à inevitável substituição das chefias? 3 Afinal, quem ameaçou que “alguém vai pagar por não ter pintado as passadeiras”? 4
Os lisboetas é que não esquecem quem, entre as suas “dez medidas prioritárias do mandato”, lançou, há exactamente um ano, a promessa eleitoral de pintura das passadeiras em Lisboa 5. Os resultados têm, infelizmente, estado bem à vista 6.
 

Vida roubada, pintura na estrada

Sobreda, 25.08.08

A ACA-M tem, meritoriamente, promovido parcerias com escolas do ensino básico e secundário da região de Lisboa para lançar um programa de estudo multidisciplinar das envolventes rodoviárias dos estabelecimentos de ensino, com o objectivo de promover entre os jovens um melhor conhecimento do meio rodoviário e dos seus perigos, instrumentos de análise de infra-estruturas, sinalização e comportamento dos diferentes utentes, das vias e do espaço público em que as escolas se inserem 1.

A título de exemplo, em meados de Abril, e cerca de dois meses antes do acidente mortal de uma das suas alunas, o director da escola EB 2-3 D. José I enviou uma carta aos serviços da CML a “pedir encarecidamente” a colocação de uma passadeira em frente ao estabelecimento.
O alerta consta do relatório do inquérito interno da CML que apurou ter havido outras chamadas de atenção para os riscos que os peões corriam no troço junto à escola, nos seis meses que antecederam o atropelamento. Aliás, segundo o relatório, o troço da avenida Carlos Paredes, onde se situa a escola, “é perigosíssimo”.

 

 

Na carta dirigida ao director municipal de Segurança Rodoviária e Tráfego, o responsável da escola indignava-se com a falta de acessos para os alunos, queixando-se do problema se arrastar “há quatro anos sem resolução”.
Após a troca de dezenas de ofícios entre os vários serviços da CML, sobre a melhoria da sinalização e das condições de acesso dos alunos à escola, nenhuma das diligências resultou em acções concretas no terreno. Até chegou a ser marcada uma reunião entre a UPAL e o Departamento de Segurança Rodoviária da CML para tentar resolver este problema, mas o encontro viria apenas a realizar-se já na sequência do acidente.
Existe uma passadeira a 25-30 metros da escola, mas é pouco utilizada pelos alunos, que preferem atravessar em linha recta. Uma das hipóteses mais discutidas entre os serviços foi a colocação de outra passadeira mesmo em frente à escola, mas argumentou-se que era inviável, por ser impossível instalar um gradeamento, já que o portão do estabelecimento de ensino é utilizado por peões e por automóveis.
Agora, é parte dessa solução que vai ser adoptada por ordem do presidente da CML, o qual determinou ainda que seja estudada a colocação de uma passadeira onde haja melhor visibilidade e protegida por semáforos, tal como afinal já recomendava o relatório 2.
Por seu lado, os pais insistem numa maior protecção dos seus filhos: “Queremos uma vedação à frente da escola de forma a obrigar os miúdos a ir à passadeira” 3. E agora, em quantas mais escolas de Lisboa poderão repetir-se estas dramáticas situações? 4 Que manutenção têm e durante quanto tempo dura a tinta das passadeiras na capital? 5
 

Acessos cortados ao Eixo Norte/Sul

Sobreda, 18.08.08

Na sequência do Projecto de Beneficiação do IP17-Eixo Viário Norte/Sul e para além dos condicionamentos já a decorrer ao longo da via, vão ser efectuados cortes de trânsito nos ramos de entrada e saída no Eixo Viário Norte/Sul.

Os trabalhos irão desenvolver-se por fases no troço entre a Av. Padre Cruz e a A5, em período nocturno das 21h às 6h, sendo os cortes de trânsito, bem como os respectivos desvios, acompanhados por elementos policiais devidamente sinalizados 1.

 

Porém, para as obras, que têm uma duração prevista de cerca de dois meses, não é fornecida qualquer indicação das datas precisas para o início e conclusão dos trabalhos.
Mais grave é o facto de a sinalética rodoviária não apontar quais as alternativas viárias ao corte nocturno de trânsito (como se pode constatar na foto), por exemplo, em caso de trânsito de urgência em direcção ao Hospital de Santa Maria. Preocupante é ainda a obstrução que a placa produz sobre a movimentação em segurança dos peões e pessoas com mobilidade reduzida, que são obrigados a circular no asfalto.
 

Um ano de mandato adiado

Sobreda, 22.07.08
Das principais promessas eleitorais do actual presidente da CML anunciadas como prioritárias, nem todas as medidas que o candidato socialista anunciou foram concretizadas 1:
- Acção de limpeza de emergência geral da cidade, centrada na recolha de detritos, lavagem de passeios e remoção de cartazes ilegalmente afixados. (Há uma opinião quase generalizada de que a cidade continua suja 2).
- Recuperação das passadeiras de peões, dando prioridade às situadas junto de estabelecimentos de ensino (Uma aluna do Lumiar morreu atropelada no mês passado. O presidente da CML mandou apurar responsabilidades por os serviços camarários não terem pintado a passadeira em causa. Até hoje, nada mais se soube).
- ‘Tolerância zero’ para o estacionamento em segunda fila ou em cima do passeio (Continuam a existir infracções deste tipo por toda a cidade).
- Assinatura de um contrato de saneamento financeiro com o Governo (O Tribunal de Contas considerou o plano de recuperação da autarquia pouco credível e pediu a sua reformulação).
- Iniciar o desvio do tráfego do Terreiro do Paço, começando por encerrar aos domingos as vias laterais do Terreiro do Paço e o troço da Ribeira das Naus entre o Largo do Corpo Santo e o Campo das Cebolas (A iniciativa tem-se revelado um fracasso, porque a população não tem acorrido aos eventos ali promovidos pela autarquia).
- Retomar obras paradas por falta de pagamento aos empreiteiros (Empreiteiros e outros credores da CML têm vindo a ser pagos pelo município).
- Reforço da Polícia Municipal em 150 efectivos (efectuado).
 
1. Ler artigo de Ana Henriques IN Público 2008-07-21
2. “As ruas de Lisboa estão cheias de cocó”. A crítica não partiu do vulgar cidadão, mas da mandatária para a juventude na campanha do presidente da CML, a actriz Margarida Vila-Nova.
Também o ex-vereador da CML Rui Godinho teceu também reparos ao actual sistema de recolha do lixo. As promessas do presidente da câmara de limpeza geral da cidade ficaram no tinteiro, e a sujidade das ruas tem sido tema recorrente de conversa nos últimos meses, quer entre as diferentes forças políticas representadas na autarquia, quer entre habitantes e turistas.
“Não notei muita diferença em relação ao Brasil”, observava um médico acabado de chegar de Mato Grosso, a quem a falta de limpeza dos espaços públicos saltou à vista logo que aterrou. No Largo do Camões, onde tinha ido às compras, o postal turístico dificilmente podia ser pior, com os degraus que servem de base ao monumento cobertos de escorrências já secas de bebidas de várias proveniências e a calçada portuguesa ali mostra um canto tão encardido que mal se notavam os desenhos. Quando o turista por ali passou, já a imundície se acumulava há muitos dias.
“A cidade continua suja e pouco amigável”, escreveu a presidente da AML, num artigo publicado num semanário deste fim-de-semana.
Já o arquitecto Manuel Graça Dias desvaloriza o problema. “Podemos ter uma cidade com imensa qualidade, apesar de as ruas estarem um pouco sujas e sarapintadas com graffiti”, contrapõe. “O que aqui vemos é uma cidade moderadamente suja. E é mais importante que não chova nas casas e que estas tenham casas de banho do que estar tudo muito asseado por fora, como no Portugal salazarista, e numa miséria por dentro”.
Ler entrevista ao arquitecto IN “Câmara parece estar no bom caminho, mas já podia ter feito algo pelos transportes”, Público 2008-07-21.

Alguém vai sair responsabilizado

Sobreda, 18.06.08
O actual executivo camarário tinha feito, durante a campanha eleitoral, a promessa de pintar as passadeiras junto aos estabelecimentos de ensino da capital, que se traduziria na ‘Acção para as Escolas em Segurança 2007/2008’, cuja 2ª fase deveria ter ficado completa até 12 de Setembro do não passado 1.
Segundo esse programa de acção e declarações do próprio presidente da CML, a melhoria da sinalização e pintura de passadeiras, teria incluído, na 1ª fase, a escola 2+3 D. José I, na Azinhaga da Musgueira.
Interpolado por vários agrupamentos municipais, durante a reunião de ontem da Assembleia Municipal de Lisboa, o presidente da CML garantiu que “alguém vai pagar” a falta de cumprimento da instrução dada aos serviços camarários para a pintura de passadeiras junto às escolas, depois de uma criança ter morrido atropelada no Lumiar.
“Considero absolutamente intolerável que esta instrução do executivo não tenha sido cumprida. Alguém não cumpriu esta ordem [pintura da passadeira junto à escola] e alguém vai pagar por não a ter cumprido”. Por isso, agora, autarquia mandou abrir um inquérito urgente, que ainda não produziu conclusões 2.
Recorde-se que uma aluna de 12 anos daquela escola da Freguesia do Lumiar foi mortalmente atropela a 4 de Junho, por um autocarro da Carris, quando atravessava a Avenida Carlos Paredes, que liga o extremo do Bairro da Cruz Vermelha à Alta de Lisboa 3.
Estranha-se que só agora, nove meses depois dos prazos dados pelo município, os ‘serviços’ tenham dada conta que se terão (lamentavelmente) ‘esquecido’ desta passadeira em particular. Houve, de facto, uma passadeira (re)pintada naquela zona, mas cerca de 50 metros distante da saída da escola.
E quantas mais não faltam ainda pintar por toda a cidade? E quem sairá responsabilizada por essa incúria camarária?
 

A ausência de passadeiras foi mortal

Sobreda, 06.06.08
Joana Santos tinha 12 anos. Na 4ª fª, depois das aulas da manhã, almoçou na escola EB 2+3 D. José I e saiu a correr, ainda com comida na mão, para ir participar numa briga a decorrer entre colegas, do outro lado da estrada. Alguns amigos ainda lhe gritaram para a alertar para a aproximação do autocarro da carreira 108 da Carris que subia a rua, mas Joana foi apanhada a meio da via.
O embate custou-lhe a vida às 13h42, na Avenida Carlos Paredes, situada numa zona conhecida como a Azinhaga da Musgeira, tendo sido atropelada mortalmente por um autocarro, quase junto à casa onde morava com os pais e um irmão, no Bairro da Cruz Vermelha. A Secção de Investigação de Acidentes da PSP esteve no local e comunicou o caso ao Ministério Público. A Carris abriu um processo de averiguação. Para a vida da Joana estes actos administrativos à posteriori são já irrelevantes.
Os professores dizem que era uma morte anunciada, pois ali não há passadeiras nem sinalização de precaução para a saída de alunos. Os primeiros culpados pela insegurança pedonal que se repete na cidade? A vereação municipal, que se exime a agir com previdência.
Professores, alunos e pais vão reuniram-se ontem, pelas 10h, em frente aos portões da escola, que permaneceram fechados, para manifestarem a sua indignação. Uns e outros não querem que “esta tragédia caia em saco roto. Alguém vai ter que fazer alguma coisa”, já que a morte de Joana há muito parecia estar anunciada. “Se não fosse ela, seria um de nós ou qualquer outro aluno”, sublinhou uma professora. Tantas eram as situações de perigo vividas diariamente na via que passa em frente à D. José I, de quatro faixas, e que liga o centro do Lumiar à Alta de Lisboa. Isto porque, “não há passadeiras junto à área de saída dos alunos, nem tão pouco sinalização de precaução para a existência da escola”.
O Conselho Executivo já solicitou várias vezes à autarquia que a situação fosse resolvida, mas a última resposta que chegou, no dia 1 de Abril, referia que “tínhamos que aguardar até que as obras na zona terminassem”. A agravar a situação, da falta de passadeiras e de sinalização, que permite que a circulação se faça, por vezes, “com muita velocidade”, há a registar uma mudança de sentido na faixa em que Joana foi atropelada. “Até há uma semana, as quatro faixas tinham sentido descendente, agora a via da esquerda passou a ter sentido ascendente. Até nós, adultos, nos esquecemos que tudo mudou e continuamos a olhar para o sentido contrário, quanto mais uma criança”, argumentou outro professor.
Quem presenciou ficou em estado de choque. “A Joana vinha a correr. Estava acompanhada de duas colegas que lhe gritaram para não atravessar e que ficaram no separador central. Ela olhou, viu o autocarro, o condutor também a viu e tive a sensação de que um e outro pensaram que um e outro ia parar. Mas não. Ela foi apanhada, caiu com o embate e a segunda roda do veículo passou-lhe por cima”, contou uma das professoras que na altura aguardava também para atravessar a estrada.
O autocarro parou uns metros à frente com o jovem condutor em estado de choque e teve que lidar com a fúria dos populares, mas a situação acabaria por ser controlada.
Um ramo de flores no local assinala agora a tragédia. À porta da escola, professores, alunos e moradores não falavam de outra coisa. Os pais da aluna foram informados pela escola. A mãe, que costumava ir levá-la e buscá-la, chegou a correr, pois “não queria acreditar” na tragédia. Transportado para o Instituto de Medicina Legal, o corpo será agora autopsiado. Ao condutor foram feitos testes de álcool e de substâncias psicotrópicas, como manda a lei 1.
Em Lisboa os acidentes mortais em passagens de peões sucedem-se, sem fim. Neste caso, a investigação prosseguirá. Antevê-se que o município, mais uma vez, ficará incólume.
 

Os inadmissíveis estacionamentos abusivos em dias de futebol

Sobreda, 21.01.08
Aqui se transcreve na íntegra uma desesperada carta de um morador de Telheiras. As suas queixas reproduzem na primeira pessoa outras denúncias já aqui publicadas neste blogue 1.
Na qualidade de residente de Telheiras, venho por este meio, manifestar a minha indignação pelo que se passa neste bairro sempre que se realiza um jogo de futebol no estádio de Alvalade.
É inadmissível que os moradores da Rua Prof. Manuel Cavaleiro de Ferreira tenham de passar por cima do passeio para conseguirem estacionar os seus veículos nas respectivas garagens.
É inadmissível que haja carros estacionados em cima de quase todos os passeios, danificando-os, e passadeiras, não permitindo a sua utilização pela parte dos peões, gerando-se situações de extrema insegurança.
É inadmissível que haja carros estacionados em cima de grande parte da ciclovia, nalguns casos cortando o acesso à mesma e não permitindo a sua utilização.
É inadmissível que haja carros estacionados em quase todos os espaços verdes desta zona, em cima de zonas de prado, que ficam obviamente danificadas.
É inadmissível que, apesar de tudo o já descrevi, haja parques, como o parque subterrâneo da Praça Central e o enorme parque, entre o Eixo N/S e a Rua Prof. Mark Athias, estejam quase vazios na altura em que se realizam os jogos, já para não falar do parque do próprio Estádio de Alvalade.
É inadmissível que as ruas circundantes ao estádio fiquem (depois dos jogos) num estado deplorável, cheias de lixo.
É inadmissível que se gerem situações como a que passo a descrever: Há uns tempos a minha mulher sentiu-se mal, metemo-nos no carro na garagem, demorámos quase 5 minutos, entre variadíssimas manobras, para conseguir sair da garagem. Seguimos até à Rua Prof. Francisco Lucas Pires e eis que nos deparamos com duas filas de trânsito paralelas, ambas no mesmo sentido embora a dita Rua tenha dois. Éramos três carros a ‘remar’ contra a maré de viaturas que tentava sair desta zona para a Segunda Circular. Fui agredido verbalmente por outros condutores, chamaram-me ‘Palhaço’ entre outras coisas que prefiro não repetir, tudo porque eu não estava a facilitar a circulação dos carros cujos condutores vinham do estádio. Estivemos quase 30 minutos nesta situação absurda.
Em resumo, quem reside nesta zona de Telheiras não tem literalmente forma de sair de carro daqui sempre que há um jogo, e pior que isso há pelos visto que fugir a conjugar a busca de tratamento para um qualquer mal estar físico com os início e final dos jogos em Alvalade.
É absurdo. Ou seja, quem aqui viva e que queira fazê-lo em segurança, precise ou busque apoio médico, queira utilizar a ciclovia ou simplesmente queira estacionar na sua propriedade ou junto da mesma, tem necessariamente que conhecer o calendário de jogos do Sporting, independentemente de se gostar ou não de futebol, ou do mesmo ter um nível de importância significativo na sua vida... Isto parece, no mínimo, absurdo, quase anedótico.
Ora, quem se dirigir a um hospital e deixar a viatura mal estacionada é multado e eventualmente vê a viatura rebocada. No entanto, quem se dirigir a um qualquer estádio de futebol (pois o que se descreve não se passa apenas junto ao estádio do Sporting) já não é multado. Será que o futebol justifica a falta de civismo? É inadmissível. Não estaremos perante uma nova forma de tirania?
Durante o Euro2004 o processo de entradas e saídas dos estádios correu bem, as pessoas deslocavam-se de transportes públicos para o estádio, e esta e outras zonas não ficavam entupidas de carros, agora voltou-se atrás? Na altura era literalmente para Inglês ver? Que se passa Srs. autarcas? 2 [sem mais palavras!]
 
Nota:
Com base nesta e noutras inúmeras denúncias anteriormente inseridas neste blogue, o Grupo Municipal de “Os Verdes” apresentou, na sessão da Assembleia Municipal de 22 de Janeiro, uma Recomendação sobre “Estacionamento em dias de futebol”, a qual foi aprovada por Unanimidade.
 
1. Ver, por exemplo, http://cdulumiar.blogs.sapo.pt/131230.html e seguir os links em rodapé.

Limites de velocidade em zonas urbanas

Sobreda, 14.01.08
A Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária (ENSR) propôs a redução dos limites máximos de circulação para 30 km/hora em centros urbanos, zonas residenciais e espaços com “forte presença de tráfego pedonal”. A proposta deverá agora ser estudada por um grupo de trabalho em que participam estruturas como a Estradas de Portugal, Governos civis e Associação Nacional de Municípios Portugueses.

 

 

Prevê-se que o documento enquadrador da ENSR, que define 28 objectivos operacionais, seja ao longo deste ano aprofundado sectorialmente, com a constituição de grupos de trabalho diferenciados. O documento inclui o objectivo de introduzir a carta por pontos. Até 2015, define como objectivo global reduzir os mortos a 30 dias para 62 por milhão de habitantes (foi de 91 em 2006).
Entre os 28 objectivos há dois que visam especificamente a segurança de peões. Promete-se a definição de um programa de requalificação de percursos pedonais e a fiscalização do estacionamento e do comportamento dos peões.
Já para este ano, é anunciada a criação do primeiro Plano Nacional de Fiscalização - algo que a Comissão Europeia recomendou em 2004, mas Portugal nunca cumpriu. Ou seja, um programa que defina estradas, horários e dias da semana em que deve ser intensificada a fiscalização de velocidades, consumo de álcool e uso de cinto.
Porém, para o porta-voz da Brigada de Trânsito da GNR, actualmente não existe uma estratégia, mas antes uma definição a curto prazo, “ou quando muito a médio”, das acções prioritárias, adequadas regionalmente por cada comando. “Articular a actuação das forças de segurança e definir um plano nacional é importantíssimo, desde que este seja permanentemente actualizado”.
A recomendação 345/2004 da Comissão Europeia apontava um formulário normalizado a seguir pelos Estados-Membros na elaboração dos seus planos de fiscalização, incluindo inventários das estradas em que são mais frequentes as infracções em cada uma das três áreas apontadas.
Só que, além de nunca ter elaborado um plano, Portugal também nunca cumpriu um segundo ponto da recomendação: a elaboração de relatórios de fiscalização a cada dois anos. Nestes documentos deveria constar, além de estatísticas de fiscalização, o circuito de aplicação de sanções, pagamento efectivo e decisões judiciais 1.
É a ordem para, em defesa das nossas vidas, se carregar no travão dentro das localidades. Nada para que desde há muito vários grupos não tenham já apelado para iniciativas similares 2.