O movimento cívico Viver na Alta de Lisboa (VAL) 1 acusa a CML de “levar anos a decidir soluções para o espaço público, bastando-lhe meia manhã de expediente para mostrar autoridade e repor a incompetência anterior”. A história teve início “há mais de um ano” e respeita a um cruzamento em que confluem 18 vias de circulação, no Alto do Lumiar, no qual os moradores decidiram construir uma rotunda improvisada na madrugada do dia 4.
Após vários contactos infrutíferos com a Câmara, os moradores decidiram montar uma rotunda com separadores de plástico. Durou dois dias e depois… desapareceu.
“A Rua Helena Vaz da Silva vem de norte, a Avenida Vasco Gonçalves vem de noroeste, a Rua Arnaldo Ferreira vem de oeste, a Avenida Eugénio de Andrade vem de sul e, por fim, a Avenida Álvaro Cunhal vem de leste”. Assim se forma o cruzamento onde desembocam todas estas ruas e avenidas e onde a confusão no trânsito, nas horas de ponta, é total. De acordo com os moradores da zona, “não existe qualquer sinalização no local”, sendo que "o movimento é intenso no período da manhã e o perigo de colisão é constante".
Depois de passar “mais de um ano a fazer telefonemas, enviar e-mails e cartas para a câmara”, alertando para o perigo de um "cruzamento com 18 faixas”, o movimento VAL queixa-se de não ter recebido qualquer resposta. Os moradores acrescentam que durante todo esse tempo, em que "nada foi feito", muitos foram os acidentes que podiam ter sido evitados com uma simples rotunda.
Face ao silêncio da autarquia, a solução encontrada pelos queixosos foi a criação de uma rotunda improvisada com blocos de plástico brancos e encarnados, usados na sinalização de obras rodoviárias, e quatro sinais de rotunda. De acordo com os promotores da iniciativa, "a rotunda funcionava, o trânsito fluía e a segurança aumentou enormemente".
Dois dias e meio depois, porém, a rotunda foi retirada. O que não se sabe é quem o fez. Um assessor de imprensa da presidência da CML assegura que a autarquia “nada teve a ver com o assunto”, sugerindo um contacto com a UPAL (Unidade de Projecto do Alto Lumiar). O director deste departamento camarário garantiu igualmente que “não foi esta unidade a retirar a rotunda” e que não sabe quem terá sido.
A SGAL, Sociedade Gestora da Alta de Lisboa, empresa responsável pela urbanização da zona, afirma também que desconhece o caso. O presidente da Junta de Freguesia do Lumiar diz que “a junta não teve conhecimento de nada”, enquanto que a Direcção Municipal de Tráfego não respondeu às perguntas feitas. A Junta confirma, todavia, que a rotunda é “essencial para a segurança rodoviária no local”, não compreendendo porque é que ainda não foi construída. O presidente da Junta do Lumiar defende igualmente que “deve ser feito um projecto para resolver a questão rapidamente”.
O director da UPAL garante que o assunto está a ser estudado por forma a que seja possível avançar com “uma futura intervenção”. Para o caso, adiantou, “existem duas soluções: ou manter o cruzamento, ou fazer uma rotunda, mas ambas têm problemas” 2. E a solução tarda.
Toda esta situação foi denunciada pelo Grupo Municipal de “Os Verdes” na recente AML sobre o ‘Estado da Cidade’ de 7 de Outubro 3, de que aqui se transcreve parte:
«Já que falamos de circulação rodoviária, convém aqui recordar um facto assombroso. Há mais de um ano que os residentes no Alto do Lumiar vêm alertando para a extrema perigosidade de uma rotunda inexistente na zona.
Perante a repetida inacção da CML para uma solução que até não é difícil, os moradores, depois de mais de um ano a fazer telefonemas, enviar e-mails e cartas para a CML, alertando para o perigo de um cruzamento onde confluem uma dezena de faixas que provocou já vários acidentes, sem receber qualquer acção ou mínima demonstração de preocupação ou vontade em resolver o problema, um grupo de moradores ‘desenhou', na semana passada, uma rotunda pelas suas próprias mãos.
A CML, que nunca se esforçou para encontrar uma solução, foi suficientemente célere para em escassas 48 horas retirar os blocos de plástico em disposição circular. Por isso os moradores perguntam, quem anda a boicotar a implementação do PUAL? E aqui há também culpas do PSD em reunião de CML…»
Desalentados, os moradores só esperam que, “tal como se passou com a morte de uma aluna da escola D. José I, não seja necessário que alguém perca a vida para que as obras sejam efectuadas”.