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CDU LUMIAR

Blogue conjunto do PCP e do PEV Lumiar. Participar é obrigatório! Vê também o sítio www.cdulumiar.no.sapo.pt

CDU LUMIAR

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Duas Portas para o Céu

Sobreda, 31.05.07

A paróquia de Nossa Senhora da Porta do Céu foi criada em Abril de 2004 e recentemente recebeu obras de beneficiação. Abrange as zonas de Telheiras, Alto da Faia, Parque dos Príncipes, e uma população que ronda as 20.000 pessoas que, até à sua criação, pertenciam à paróquia de S. João Baptista do Lumiar 1.

Um pouco de história. A igreja conventual foi fundada na primeira metade do século XVII por um príncipe cristão do Ceilão, D. João de Cândia que, destronado por um familiar dos seus domínios pediu protecção ao rei de Portugal - então Filipe I -, que o acolheu em Lisboa, dando-lhe uma espécie de dote, com o qual construiu o convento e a igreja anexa. O convento destinava-se a receber religiosos idosos para aí descansarem ou passarem os últimos dias, a fim de serem acolhidos por Nossa Senhora da Porta do Céu.

Decorrido mais de um século sobre a morte do fundador, o edifício ruiu com o terramoto de 1755. Sendo escrivão da irmandade da igreja, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, reconstruiu o templo, de acordo com a traça própria da sua época. No século das lutas liberais, Saldanha expulsa os frades em 1833, e aí instala tropas que delapidaram os bens do convento. Nessa mesma data é extinto, sendo em 1910 a igreja encerrada e transformada em oficina de serralharia. A sua restituição ao culto surge várias décadas mais tarde, a cargo dos Franciscanos da Luz e por padres marianos 2.

Embora se reconheça que em Telheiras também “há problemas complexos de pobreza, às vezes escondida, outras vezes ligados a situações de miséria” 3, o grande objectivo do Patriarcado é o da construção de uma segunda igreja no terreno devoluto em frente à escola do ensino básico, entre as Ruas José Escada e Hermano Neves. Um espaço que a A.R.T. há muito vem reivindicando para horta pedagógica de apoio às actividades escolares. Será que tanta fome vai dar em fartura? Porquê tanta ‘fome terrena’ onde outros têm carências? Porquê duas igrejas a cerca de 200 metros uma da outra? Será porque com duas ‘Portas’ se chega melhor ao céu?

1. Ver http://jn.sapo.pt/2004/11/16/grande_lisboa/fieis_telheiras_ainda_igreja.html e http://olhares.aeiou.pt/telheiras___igreja_n_s_da_porta_do_ceu/foto1225178.html

2. Ver www.opusdei.pt/art.php?w=28&p=10858

3. Ver www.agencia.ecclesia.pt/dioceses/noticia.asp?noticiaid=22673

Mais vale o selo do que parecê-lo

Sobreda, 30.05.07

Vão ser multados todos os carros sem selo que se encontrem ‘estacionados para venda’ na via pública, enquanto até ao ano passado o Imposto Municipal sobre Veículos (IMV) só era obrigatório para os veículos em circulação. Assim, a partir deste ano, os automóveis imobilizados na via pública também vão ter de ostentar o selo do carro, sob pena de serem multados e até apreendidos, garantiu ontem fonte oficial do Ministério das Finanças.

Eis uma óptima oportunidade para as autoridades do município removerem as viaturas que permanecem na via pública com aviso de venda, com selo antigo, logo em situação irregular, ocupando indevidamente lugares de estacionamento público. Será que é agora que o executivo da Junta assume a iniciativa de, finalmente, comunicar à polícia municipal a situação irregular em que se encontram várias destas viaturas na Freguesia ?

Apesar do prazo para a aquisição do dístico terminar amanhã, os contribuintes poderão continuar a comprá-lo, sem pagar multa. O IMV vai assim continuar a poder ser adquirido nos locais habituais ou seja nas repartições de Finanças e através da internet. Os revendedores, no entanto, deverão deixar de os vender, uma vez que têm apenas cinco dias (depois de terminado o prazo de aquisição) para os devolver com direito a reembolso.

A afixação do dístico só é obrigatória a partir de 1 de Outubro, pelo que só a partir dessa data os contribuintes estarão sujeitos a multas. A falta de afixação dá origem ao pagamento de uma coima de 25 euros, caso se trate de um particular, e de 50 euros, se for uma empresa. Mais penalizada é a falta de aquisição, que dá origem a uma multa de 100 euros (particulares) e, no caso de se tratar de veículos de empresas, a 200 euros.

No entanto, os contribuintes não serão multados caso já tenham liquidado o imposto através da internet e ainda não tenham na sua posse o respectivo dístico. “Nesse caso, basta apresentarem o comprovativo do pagamento”, garantiu a mesma fonte do Ministério das Finanças. Pelo que, mais vale ter o selo do que parecê-lo.

Entretanto, “Os Verdes” questionaram também ontem o Ministério das Finanças, através de um requerimento, sobre as razões do impedimento de cidadãos deficientes poderem confirmar a sua deficiência na internet, para obtenção do selo do carro. 

1. Ver www.correiodamanha.pt/noticia.asp?idCanal=0&id=211899

Foto: http://obsecado.blogspot.com/2006/11/7500-crepes-chineses.html

Acessibilidades a quantos por cento?

Sobreda, 30.05.07

Está a nascer em pleno coração de Telheiras um novo empreendimento imobiliário: a Aldeia de Telheiras. O projecto compreende um total de 16 moradias, das quais 9 foram construídas de raiz e 7 reabilitadas, com áreas entre 214 m² a 439 m². Segundo a EPUL, após um investimento orçado em cerca de 6 milhões de euros mais IVA, as vivendas estarão já 100% comercializadas.

Nas imediações, de um lado, ergue-se a igreja e o convento de Nossa Senhora da Porta do Céu, do outro vislumbra-se a Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro e a adega da ex-Quinta de São Vicente, em frente espraia-se entre a Praça Central e o principal núcleo de comércio local.

A EPUL vende sonhos, pretendendo que a Aldeia de Telheiras contraste com a vida da cidade, num (impossível) reencontro com o ambiente das antigas aldeias que tornejavam Lisboa. É que, a troco de mais betão, as quintas e as hortas há muito abandonaram o bairro, pelo que deixou de haver qualquer “compromisso entre o passado e o futuro”.

Publicita a EPUL que a Aldeia de Telheiras é o espaço ideal para quem procura o sossego. Onde? Na esquina das movimentadas vias do bairro, nas infindáveis obras da esventrada velha Estrada de Telheiras? O prazo previsto para a conclusão da ‘Aldeia’ era de 18 meses após o despacho da vereadora. E já lá vão dois anos. O Jardim da Esplanada já ultrapassou também os prazos previstos (cinco meses), mas em ‘compensação’ ganhou o estacionamento abusivo de viaturas (carros e motorizadas) em cima dos passeios e dos ‘restos’ de relva.

E o que dizer de o acesso de viaturas ao estacionamento subterrâneo da Aldeia de Telheiras se localizar exactamente ‘entalada’ entre a paragem de autocarros da Carris e a mal iluminada rampa de acesso à estação do Metro, bem como aos semáforos do entroncamento da Rua Prof. Francisco Gentil com a Rua Prof. Vieira de Almeida, local de uma outra entrada do também subterrâneo estacionamento da Praça Central?

Os transeuntes durante o Inverno desviavam-se do lamaçal que pejava o passeio, circulando no asfalto, agora evitam-no por causa do total desprezo do empreiteiro pela poeira seca arrastada pelo rodado de camiões e máquinas. Onde estará a segurança dos peões e utentes que não podem usar os passeios para aceder aos transportes públicos? Vivendas a 100%, obras a 200 e acessibilidades a quantos?

1. Ver www.epul.pt/?id_categoria=6&id_item=15

Táxis e taxistas mais seguros

Sobreda, 29.05.07

Os candidatos da CDU (PCP / PEV) às eleições autárquicas intercalares mantiveram hoje de manhã um encontro com a Federação Portuguesa do Táxi, na sede da Federação à Estrada do Paço do Lumiar, uma estrutura que tem 1100 associados na cidade.

O cabeça-de-lista da CDU às eleições de 15 de Julho defendeu o apoio da autarquia à criação de uma central de compras para os táxis de Lisboa, o reforço da segurança dos profissionais, bem como a cedência de terrenos. A criação de uma central de compras de material e serviços é considerada “uma questão central” para a defesa do sector do táxi, e uma reivindicação antiga dos profissionais, referiu Ruben de Carvalho.

Por seu lado, para o Presidente da Federação, o projecto da central de compras deverá “contemplar as condições necessárias à conversão da frota para as energias alternativas e mais limpas como é o caso do gás natural”. A reorganização das praças de táxi, a colocação de instalações sanitárias em mais seis praças da cidade, a abertura das zonas pedonais, a eliminação dos buracos em vias importantes, como a segunda circular e a Avenida da Liberdade, foram também algumas das reclamações do presidente da FPT.

Na reunião, Ruben de Carvalho mostrou-se favorável à maioria das pretensões daquela estrutura, defendendo ainda o reforço de projectos para melhorar a segurança dos profissionais, através da “extensão do projecto Táxi Seguro” aos táxis da cidade, bem como o policiamento em zonas mais perigosas. A formação profissional específica sobre segurança é outra das prioridades do programa da CDU para esta área, a par da presença dos representantes do sector nos órgãos da Autoridade Metropolitana de Transportes.

1. Ver http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=278485

Telheiras de contrastes

Sobreda, 29.05.07

Jardim e Praça Central

Um jardim, com esplanadas, fontes e muito espaço agradável para passear. Fica por detrás da zona velha de Telheiras e logo ao lado da estação de Metro.

Alameda da Água

Este jardim novo com as suas fontes custou 5 milhões de euros ao contribuinte. Tem como vizinho uma lixeira a céu aberto, todos os dias.

 

1. Ver http://fumacas.weblog.com.pt/arquivo/150466.html ; www.flickr.com/photos/vitor107/85192872/in/set-1419686 e http://lixo-lixo.blogspot.com/search?q=Telheiras

Lisboa: a cidade que temos, a cidade que queremos

Sobreda, 28.05.07

A Cidade que temos hoje é uma cidade que incomoda e desagrada a todos os que a amam, aqui vivem ou aqui trabalham. Lisboa vem sofrendo desde 2001 as consequências da política de direita conduzida à vez por Santana Lopes e Carmona Rodrigues. Fruto desta política, em que o efémero e a navegação à vista substituíram o trabalho sério e consistente, degradam-se as condições de vida na cidade:

    - A direita parou projectos em curso;

    - Desarticulou os serviços municipais, levando à desmotivação de milhares de funcionários e à paralisia da máquina municipal, substituída nas suas funções por centenas de assessores do PSD e da JSD;

    - Aprovou com os votos do PS e do BE o quadro de pessoal paralelo que preconiza o contrato individual de trabalho;

    - Introduziu, na relação com as Juntas de Freguesia e o Movimento Associativo, elementos conflituais, não pagando a tempo os protocolos de descentralização;

    - Paralisou a revisão em curso do PDM que, passados quase seis anos, continua a marcar passo ao mesmo tempo que aprovaram alterações simplificadas com o voto do PS, que permitiram entregar a cidade ao mercado da especulação imobiliária.

Degradou também outras as áreas que afectam o dia-a-dia da população:

    - No trânsito e estacionamento nada foi feito a não ser o caríssimo e desnecessário Túnel do Marquês que apenas serve para trazer mais automóveis para dentro da cidade e transformar o dia-a-dia da Avenida da Liberdade num engarrafamento permanente;

    - No não tratamento dos espaços públicos e na iluminação, na falta de respostas aos problemas dos bairros municipais;

    - Na ausência de uma política cultural e desportiva;

    - Na degradação do parque escolar.

Mas a questão mais grave é a situação financeira, com uma dívida superior a 1.200 milhões de euros, dos quais mais de 200 milhões a curto prazo, com fornecedores a cortar o fornecimento, com as Juntas de Freguesia a financiar a própria Câmara, constituindo uma situação gravíssima que hipoteca o futuro.

A situação degradante a que chegou a CML e a Cidade é consequência da falência desta política lesiva do interesse público e das condições de vida do povo de Lisboa.

Contudo, o PSD e o CDS não são os únicos responsáveis pela situação presente, porque nas questões essenciais (planos e orçamentos, alterações em regime simplificado do PDM, os projectos dos novos estádios, projectos de Alcântara, Boavista e Vale de Stº. António) tiveram, não só o apoio mas também o voto do PS. E, no caso da negociata da permuta da Feira Popular / Parque Mayer, contaram também com o voto do BE.

Lisboa não é uma causa perdida. Lisboa tem futuro.

Apenas necessita de ter uma gestão transparente em que o Trabalho, a Honestidade, a Competência e a Defesa do interesse público prevaleçam na política municipal. Para isso, Lisboa e o seu povo, podem contar hoje, como sempre contaram, com a luta e as propostas da CDU.

Lisboa merece o melhor. Lisboa precisa da mudança que a CDU preconiza.

Miguel Torga

Sobreda, 28.05.07

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha (São Martinho de Anta, 12 de Agosto de 1907 - Coimbra, 17 de Janeiro de 1995), foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX.

Filho de gente humilde do campo do concelho de Sabrosa (Alto Douro), frequentou brevemente o seminário, e emigrou para o Brasil em 1920, com doze anos, para trabalhar na fazenda do tio, na cultura do café. O tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925 regressa a Portugal. Em 1927 é fundada a revista Presença de que é um dos colaboradores desde o início. Em 1928 entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro.

A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano 1.

Legenda “Quando a luta política era planeada no barco”

Em ano de centenário do médico/escritor Miguel Torga, têm sido várias as marcas que o querem assinalar. Entre essas estão dois livros que foram editados recentemente e que fazem parte de uma série de trabalhos, académicos ou não, que vão deixar os cem anos de nascimento de Adolfo Rocha registados no presente e consultáveis no futuro.

O primeiro destes volumes é O Calvário do Poeta. Dotado de uma série de fotografias, este Calvário surge como uma peça iconográfica de extrema importância para (re)conhecer fisicamente o poeta, pois as imagens permitem entender, muito para além da dureza com que o rosto foi esculpido, também a forma de ser de alguém que não posava. O segundo volume assume-se como não sendo “um livro para intelectuais, mas para pessoas comuns”. (Quase) Na Primeira Pessoa divide-se em capítulos que retratam o autor através da obra, oferecendo ao leitor mais e menos conhecedor a possibilidade de o encontrar, legando ainda três imprescindíveis índices: um remissivo de referências, outro com as localidades mencionadas no Diário e outro, alfabético, de toda a sua poesia 2. Procure-o na Feira do Livro www.feiradolivrodelisboa.pt

Entre muitos outros intelectuais que passaram pela cadeia do Aljube durante o regime do Estado Novo, encontra-se Miguel Torga, aí encarcerado no início de Dezembro de 1939, por três meses.

“Falta-lhe a liberdade.
Só essa dor lhe dói.
Mas só por ela há-de
Não ser o ser que foi” 3.

1. Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Torga

2. Ver http://dn.sapo.pt/2007/05/27/artes/dois_volumes_para_comemorar_o_centen.html

3. Ver poema 'Canção', escrito a 30 de Dezembro de 1939 na Cadeia do Aljube (in Diário - vol. I . 4ª edição revista. Coimbra. 1957) IN http://estudossobrecomunismo2.wordpress.com/2006/09/04/miguel-torga-preso-no-aljube-em-1939/

Pizzarias sem ‘massa’

Sobreda, 28.05.07

Duas pizzarias situadas a três quilómetros de distância foram na sexta-feira à noite assaltadas quase em simultâneo na freguesia de Benfica. Menos de cinco minutos separaram os dois assaltos, o que levou a polícia a suspeitar que dois grupos distintos terão combinado entre si uma estratégia para roubar os estabelecimentos.

Segundo fonte do Comando Metropolitano, o primeiro crime ocorreu às 22.25, quando três indivíduos encapuzados entraram numa das lojas e ameaçaram quatro funcionários e três clientes com uma caçadeira de canos serrados. Os suspeitos levaram 180 euros da caixa registadora e vários documentos que pertenciam aos clientes.

Cinco minutos mais tarde, e a menos de três quilómetros de distância, quatro homens encapuzados entraram numa outra loja da mesma cadeia e, sob a ameaça de uma caçadeira de canos serrados, obrigaram os funcionários a entregar todo o dinheiro (1655 euros) que se encontrava na caixa registadora. O grupo levou ainda os telemóveis de dois clientes que se encontravam no estabelecimento.

O caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária. Já em Fevereiro de 2004, três indivíduos, com a cara coberta por capuzes, assaltaram uma das lojas recorrendo a uma pistola e forçando os funcionários a abrir a caixa registadora, de onde retiraram 300 euros 1.

Em Telheiras os lojistas já “escondem a cara e o nome com medo de serem as próximas vítimas. Mais do que isso, trancaram as portas das suas lojas e só as abrem quando sabem quem é que está do outro lado” 2Uma alternativa é, por exemplo, a do reforço da segurança através do policiamento de proximidade, que constitui “uma das prioridades da população de Alfama, organizada por uma acção conjunta da PSP e da Polícia Municipal 3.

No caso das lojas de Benfica, as pizzas ficaram, mas os euros voaram, porque o segredo… estava na ‘massa’.

1. Ver http://dn.sapo.pt/2007/05/27/cidades/duas_telepizzas_assaltadas_quase_sim.html

2. Ver http://cdulumiar.blogs.sapo.pt/42107.html

3. Ver http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/05/policiamento-de-proximidade.html

Zebras só no Jardim Zoológico

Sobreda, 27.05.07

Os automobilistas que circulam pela Alameda das Linhas de Torres estão servidos por um novo tapete de alcatrão, após o fim dos trabalhos ali efectuados desde meados do ano passado. No entanto, se depois da tempestade das obras veio a bonança para os carros, para os peões houve passadeiras que tardaram a ser repostas e outras que ainda não regressaram ao seu local. É, por exemplo, o caso das duas ‘zebras’ que davam mais segurança a quem atravessava outras tantas vias, uma de entrada e outra de saída da Rua Leopoldo de Almeida, artéria que se alonga, em jeito de túnel, até à Alameda das Linhas de Torres perto do Centro Comercial do Lumiar.

Ironicamente, os sinais de travessia para peões estão lá, incluindo o lancil rebaixado dos passeios, mas faltam as listas no solo. Como denunciam os moradores da zona “tudo o que ajude a uma maior segurança dos peões deve ser tido em conta, porque esta é uma zona de muito tráfego e de intensa afluência de pessoas, muitas delas de idade”. A colocação das zebras é crucial para garantir acessibilidades e circulação em segurança, sobretudo a quem acede da Rua Leopoldo de Almeida para entrar na Alameda das Linhas de Torres, pois aí o raio de visão é “amputado pelos pilaretes do referido túnel” 1.

E este não é caso único nesta via. Na mesma Alameda há situações em que a ‘zebra’ está pintada numa das metades da via e do outro lado do tapete de alcatrão ter-se-á acabado a tinta. Poderá a Junta alegar que já terá ‘diligenciado’ algo. Mas o longo arrastar da situação é um infeliz sinónimo da incompetência e ineficácia de gestão e controlo das obras públicas pelos executivos de direita na cidade, incapazes de fiscalizarem e pagarem as obras que adjudicam.

Acontece que a empreitada de repavimentação, fora adjudicada pela CML por cerca de 650 mil euros à Pavia - Pavimentos e Vias S. A., tendo arrancado em Agosto do ano passado. A 4 de Dezembro terminava a primeira fase dos trabalhos, que correspondia à faixa descendente entre o Centro Comercial do Lumiar e a Avenida Rainha D. Amélia. No dia seguinte teve início a segunda fase, com obras na faixa ascendente, que se esperava tivesse terminado em meados de Fevereiro 2.

Até que o empreiteiro ameaçou rescindir o contrato, por dívidas acumuladas da autarquia, que só teria pago metade deste valor, suspendendo-as mesmo no início de Fevereiro. A terceira e quarta fases, que correspondiam à renovação do tapete entre a Rua Francisco Stromp e a Avenida Rainha D. Amélia, deveriam ficar concluídas em meados de Abril e Junho, respectivamente 3. Porém, apenas ficou concluída a primeira metade da repavimentação, mesmo com algumas falhas nos acabamentos.

Os moradores não pretenderão que se inaugure um Zoo na Freguesia, mas tão só que sejam garantidas as medidas mínimas para uma mobilidade em segurança na via pública, com a pintura das zebras em falta no pavimento. Para quando, não se sabe.

 1. “Esqueceram-se das zebras”, JRegião nº 82, 2007-05-22/28, p. 6

2. Ver http://jn.sapo.pt/2007/03/07/sul/falta_dinheiro_suspende_obras_lumiar.html

3. Ver Público de 2006-12-11, de 2007-03-06 e 2007-03-07

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