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CDU LUMIAR

Blogue conjunto do PCP e do PEV Lumiar. Participar é obrigatório! Vê também o sítio www.cdulumiar.no.sapo.pt

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Bastonada no Grémio Lisbonense

Sobreda, 09.02.08
O Grémio Lisbonense recebeu ontem uma ordem de despejo, revelou o vice-presidente desta Associação centenária, embora o património da Associação possa continuar dentro do edifício até ser encontrado um novo sítio, devendo as chaves ser entregues ao senhorio. O vice-presidente admitiu que o Grémio continua a tentar uma aproximação com o senhorio mas tem “poucas esperanças” de chegar a um acordo. É que sobre o edifício pendem "outros interesses económicos", devido à sua localização no coração histórico da Baixa lisboeta.
O caso remonta ao ano de 1998 quando o proprietário do imóvel iniciou uma ordem de despejo ao Grémio Lisbonense, localizado no topo sul da Praça do Rossio, após a realização de obras numa das salas, alegadamente sem o consentimento do senhorio. Apesar das inúmeras tentativas para salvar o Grémio, o caso evoluiu para a concretização de uma ordem de despejo 1.
Até que, ontem à noite, agentes da PSP que guardavam o Grémio Lisbonense, intervieram à bastonada atingindo alguns sócios e amigos da Associação que se insurgiram contra a ordem de despejo.
Cerca das 20h de ontem, agentes da PSP que permaneciam junto à Associação, para garantir o despejo do primeiro andar de um edifício da baixa pombalina que o Grémio ocupava há mais de 150 anos, atingiram com cassetetes vários sócios e amigos da instituição que se encontravam nas escadarias de acesso às instalações insurgindo-se contra o despejo ordenado pelo tribunal.
Um repórter fotógrafo da agência Lusa foi também atingido pela polícia na cabeça, nos braços e nas costas. “Estávamos a tentar dialogar mas a polícia bateu indiscriminadamente na cabeça, nas mãos e no pescoço dos vários associados”, afirmou um dos sócios do Grémio Lisbonense, enquanto segurava um saco com gelo sobre uma das mãos. Este jovem associado e mais cerca de uma centena de pessoas encontram-se na Praça do Rossio, em frente ao Arco da Bandeira, onde vários agentes da PSP impediam o seu acesso às instalações do Grémio.
Momentos antes da intervenção da polícia, três homens de uma empresa de mudanças retiraram da sede da associação diversos haveres do bar, enquanto no átrio do edifício se concentravam algumas dezenas de sócios e amigos do Grémio 2.
À porta, taciturnos, assistindo ao despejo, reuniam-se alguns sócios que, todas as tardes, ao longo dos últimos anos, se habituaram a frequentar a colectividade como se fosse a sua segunda casa. A ‘desgraça’ que ontem aconteceu não surpreendeu os sócios mais idosos. “A gente já lá não entra mais. Já mudaram as fechaduras”, lamentavam.
A notícia espalhara-se rapidamente através de e-mails e sms: “Estão a despejar o Grémio. Querem transformar o edifício num hotel de luxo” e, durante a tarde, o número de pessoas à porta do edifício aumentou, inconformadas com o encerramento. “Então querem revitalizar a Baixa e fecham um sítio destes?”, indignavam-se. “Podem arranjar uma solução numa garagem num bairro social, que é o que faz a Câmara, mas já não vai ser como era”, vaticinavam 3.
Fundado a 26 de Outubro de 1842, o Grémio Lisbonense tem sido palco de festas temáticas. Desdobrando-se em dois salões imbuídos de charme, com uma vista única sobre o Rossio, faz parte do circuito de todos os noctívagos. A entrada faz-se pela rua dos Sapateiros, subindo umas escadas íngremes e escuras, mas assim que se acede ao salão principal, é-se transportado no tempo para o início do século 4.
A CML, que pretende distinguir o Grémio Lisbonense com o estatuto de “Instituição de Utilidade Pública”, já prometera intervir como interlocutora entre as partes 5. Será que vai a tempo?
 

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