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CDU LUMIAR

Blogue conjunto do PCP e do PEV Lumiar. Participar é obrigatório! Vê também o sítio www.cdulumiar.no.sapo.pt

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Apontamentos insuficientes, por Ruben de Carvalho

teresa roque, 26.03.10

http://aeiou.expresso.pt/ruben-de-carvalho=s24888

 

O primeiro-ministro é averiguado, os administradores são demitidos e julgados, as sucatas transformam-se num vértice político de incontornável significado, os bancos têm lucros, o desemprego aumenta....

Definitivamente, a frase feita do 'fim de regime' adquire uma presença inquietante no dia-a-dia. A par e passo com outras, de recorte menos erudito, mas bastante mais contundente. E talvez mais próximas da realidade.

A Polícia Judiciária investiga a Polícia Judiciária. Não se trata de um trocadilho de gosto duvidoso: é a pura realidade imposta por uns investigadores terem encontrado documentação da sua polícia no escritório de um investigado. Com papel timbrado e tudo. A violação do segredo de justiça já ultrapassou a fase da informação confidencial e conversas telefónicas de português caserneiro: não basta a inconfidência - é necessário o documento probatório.

O PEC governamental transforma-se, de um conjunto de medidas governativas anunciadas como salvíficas, num pomo de discórdia que atravessa a sociedade portuguesa, incluindo as próprias entidades que o criaram: o Partido Socialista e o seu Governo.

Não são discordâncias pontuais. As críticas do cidadão comum adquirem o tom de indignada recusa, mas o discurso político no Governo e seu partido atinge contornos de fractura. Diz-se que se trata (só) do definitivo abandono da matriz político-ideológica do PS. Quem o diz não é irrelevante, o que é dito muito menos.

O PSD realiza um congresso para discutir questões programáticas e estatutárias. De urgência. Que tais temas se discutam 'de urgência' é todo um inventário da situação. Discutir se tal urgência é de um dia ou dois é entrar definitivamente no risível. Como se isto não fora suficiente, os delegados revelaram um tal empenho que não conseguiram votar a maioria das propostas que consubstanciavam (ou não...) as tais urgências! Como se isto já não fosse suficientemente patético, aprovaram (ainda não se sabe se em generalizada consciência ou em generalizada confusão) uma alteração estatutária que, objectivamente, não serve para nada - excepto para lançar uma demolidora discussão pública e interna que nem um perspicaz adversário seria capaz de inventar.

Os presidentes dos dois maiores municípios do país encontram-se no manuseio de uns talheres e, entre a sopa e a sobremesa, decidem da sua concordância interpartidária para demolir o quadro jurídico-político do Poder Autárquico da democracia nacional. Entretanto, trocam cromos com corridas de automóveis, aviões e festivais rock. No meio, já se vê, há uns milhões em apoios, patrocínios, despesas que transitam velozmente de Lisboa ao Porto e vice-versa, tornando inevitável a conclusão de que, pelo menos para estes convívios e acordos, o TGV não é preciso para nada.

O primeiro-ministro é averiguado, os administradores são demitidos e julgados, as sucatas transformam-se num vértice (ou num vórtice) político de incontornável significado, os bancos têm lucros, o desemprego aumenta (presume-se, porque os números são segredo de Estado mais bem guardado que o da justiça), os acordos com os professores afinal levam uma volta, são precisos médicos reformados para voltarem a trabalhar e os funcionários públicos reformam-se em massa.

Portugal, a um mês de comemorar 36 anos do 25 de Abril. Dá que pensar.

 

Ruben de Carvalho

Texto publicado na edição do Expresso de 20 de Março de 2010

Medidas do Governo são insuficientes - Desemprego atinge 700 000 pessoas e só metade recebe subsídio

teresa roque, 05.12.09

O Instituto Nacional de Estatística (INE) acabou de publicar os dados do desemprego relativos ao 3.º trimestre de 2009. Esses dados desmentem a mensagem que o Governo tem procurado fazer passar de que a economia já teria entrado na fase de recuperação e que as medidas tomadas pelo Governo estariam a ter efeitos. Na verdade, o que os dados do INE revelam é que o desemprego já atinge 696,9 mil portugueses, dos quais apenas 350,8 mil recebem subsídio de desemprego.

Os dados divulgados pelo INE mostram que a situação é pior do que aquela que o Governo e os seus defensores pretendem fazer crer, e que as medidas tomadas são claramente insuficientes, pois o desemprego em Portugal está a atingir valores que nunca se verificaram no passado. O quadro seguinte, construído com os dados divulgados pelo INE, mostra com clareza a gravidade da situação e que são necessárias novas medidas para a enfrentar.
No 3.º trimestre de 2009, o desemprego oficial atingia 547,7 mil portugueses, quando no 3.º trimestre de 2005 somava 429,9 mil. Num ano apenas, ou seja, entre o 3.º trimestre de 2008 e o 3.º trimestre de 2009, o desemprego oficial passou de 433,7 mil para 547,7 mil, ou seja, aumentou em 114 mil, e a taxa de desemprego oficial subiu de 7,7% para 9,8% (+ 27,3%).
Mas o desemprego oficial não inclui a totalidade dos desempregados. No número oficial de desempregados não estão incluídos aqueles que, embora na situação de desemprego, não procuraram emprego no mês em que foi feito o inquérito. E esses, que têm a designação de «inactivos disponíveis», somavam 82,7 mil no 3.º trimestre de 2009, segundo o próprio INE. Para além disso, também não estão considerados no número oficial de desempregados todos os desempregados que, para sobreviverem, fizeram um pequeno «biscate», por exemplo de uma hora. Esses são designados «subemprego visível», e somavam 66,5 mil no 3.º trimestre de 2009, também segundo o INE.
Se somarmos ao desemprego oficial os desempregados que não foram considerados no cálculo do desemprego oficial – «inactivos disponíveis» e «subemprego visível» – obtemos, para o 3.º trimestre de 2009, um total de 696,9 mil desempregados (o número oficial é apenas 547,7 mil) e uma taxa efectiva de desemprego de 12,3% (a taxa oficial é somente 9,8%). Isto é, valores muito superiores aos valores de desemprego oficial que são divulgados pelos média. Quadro I.
Em Setembro de 2009, portanto no fim do 3.º trimestre de 2009, o número de desempregados a receber o subsídio de desemprego, segundo o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, era apenas de 350,8 mil, o que correspondia a 64,1% do número oficial de desempregados, e somente a 50,3% do número efectivo de desempregados. Isto significa que entre 196,9 mil e 346,1 mil desempregados não estavam a receber subsídio de desemprego. A medida anunciada pelo 1.º ministro na Assembleia da República de redução do prazo de garantia de 450 dias para 360 dias, vai apenas permitir a mais 10 000 desempregados receberem subsídio de desemprego. É uma medida claramente insuficiente face à gravidade e à dimensão da situação. É urgente adaptar a lei do subsídio de desemprego à actual situação, o que o Governo se tem recusado fazer.

Destruição de emprego continua e precariedade atinge mais de 29% da população

Outro aspecto que contribui para agravar ainda mais a situação é a elevada destruição líquida de emprego e a elevada precariedade que se verifica em Portugal. O
Quadro II, construído também com dados divulgados pelo INE, dá uma ideia da dimensão do problema.
Desde o 3.º trimestre de 2008 que se tem verificado em Portugal um destruição líquida crescente de emprego. Entre o 3.º trimestre de 2008 e o 3.º trimestre de 2009, a destruição líquida de emprego em Portugal atingiu 178,3 mil de trabalho, pois o emprego total diminuiu de 5191,8 mil para 5017,5 mil. Só no 3.º trimestre de 2009, a destruição líquida de emprego atingiu 58,5 mil postos de trabalho.
Por outro lado, muitos daqueles que têm emprego – 1 452 600 – têm emprego precário. E neste total apenas incluímos 70% dos «trabalhadores por conta própria como isolados», ou seja, aqueles que têm o ensino básico ou menos. Só estes é que considerámos «falsos recibos verdes» pois não têm qualificações para serem verdadeiros prestadores de serviços. É evidente que também muitos trabalhadores com o ensino secundário e mesmo superior são também «falsos recibos verdes», pois as condições em que realizam a sua actividade são idênticas às dos trabalhadores por conta de outrem. Entre o 3.º trimestre de 2005 e o 3.º trimestre de 2009, o número de trabalhadores que considerámos como precários aumentou de 26,5% para 29% da população empregada, o que corresponde a mais 101,2 mil precários.

Operários e trabalhadores não qualificados são os mais atingidos

A análise da destruição de emprego por profissões revela que alguma delas estão ser mais atingidas, como mostra o Quadro III, construído também com dados divulgados pelo INE.
Entre o 3.º trimestre de 2008 e o 3.º trimestre de 2009, a destruição líquida de emprego atingiu o elevado total de 178,3 mil, mas 104,5 mil foram postos de trabalho de «operários, artífices e trabalhos similares» e 79,1 mil postos de trabalho ocupados por «trabalhadores não qualificados». São fundamentalmente estes dois grupos profissionais que estão a ser mais atingidos pela destruição de emprego. No entanto, no 3.º trimestre de 2009 também se começou a verificar destruição líquida de emprego em profissões de escolaridade e qualificação mais elevada. Entre o 2.º trimestre e o 3.º trimestre de 2009, o número de postos de trabalho de «quadros superiores do sector privado e da administração pública» diminuiu em 31,8 mil; o de «especialistas de profissões intelectuais e científicas» reduziu-se em 23,2 mil; e de «técnicos profissionais de nível intermédio» diminuiu em 27,8 mil. Só nestas três profissões, que são de qualificação mais elevada, a destruição líquida de emprego no 3.º trimestre de 2009 atingiu 82,8 mil. O emprego mais qualificado começou também a ser destruído, pondo-se em causa o desenvolvimento do País.

Nota: Dados do Eurostat divulgados esta terça-feira apontam para uma taxa de desemprego de 10,3% em Outubro, a maior de sempre no País e a quarta maior entre os 16 países da Zona Euro.

 

Eugénio Rosa

Publicado no jornal "AVANTE" de 04.12.2009

Desemprego e Pensões a realidade por Eugénio Rosa

teresa roque, 05.12.09

Publicamos hoje três novos estudos de Eugénio Rosa. Dois sobre a dimensão real do desemprego em Portugal, à luz das estatísticas recentemente divulgadas, e um terceiro sobre a realidade da redução das pensões a partir de 2010 para muitos pensionistas.

Ler Estudo sobre Dados do Desemprego relativos ao 3º Trimestre

Ler Estudo sobre a redução das pensões

Ler Estudo sobre a taxa de desemprego de Outubro em 10,2%

A RESPOSTA NECESSÁRIA E INDISPENSÁVEL

teresa roque, 22.11.09

 

 

 


O estado a que a política de direita vem conduzindo o País agrava-se a ritmo acelerado e os exemplos disso são mais do que muitos.
Todos os dias a imensa maioria dos portugueses é confrontada com novos e acrescidos problemas. Aumenta o número de trabalhadores que, a cada dia que passa, vê a sua situação agravada, por efeito do desemprego - que, aproximando-se dos dois dígitos, ou superando-os, até, atingiu a mais elevada taxa de sempre - da precariedade e do lay-off. E as medidas já anunciadas pelo novo/velho Governo nessa matéria, não deixam margem para dúvidas sobre a acentuação desse agravamento. Aumentam as desigualdades geradas pelo desemprego, pelos baixos salários, pelas pensões de miséria e, em consequência disso, cerca de dois milhões de portugueses vivem abaixo do limiar da pobreza – pobreza que atinge um número cada vez mais elevado de pessoas, incluindo as famílias com dois elementos desempregados (que são cerca de 21% dos lares onde há desempregados) e mesmo trabalhadores empregados, mas cujos salários não chegam para comer.
Mais de metade dos mais de 700 mil desempregados não recebe qualquer subsídio e o Governo persiste em recusar o alargamento dos critérios de acesso ao subsídio de desemprego; as pensões e reformas sofrem «aumentos» que rondam os 10 cêntimos por dia - um verdadeiro insulto aos pensionistas e reformados.
Entretanto, o custo de vida aumenta com os novos aumentos de preços, a começar pela energia eléctrica…
É esta a «modernização» que José Sócrates brande contra os trabalhadores e o povo: o brutal agravamento da grave situação em que vive a imensa maioria dos portugueses, ou seja, os que trabalham e vivem do seu trabalho; os que já trabalharam e vêem negado o seu legítimo direito a reformas dignas; os que querem entrar no mundo do trabalho e só vêem à sua frente espessos e cerrados muros.

Do outro lado desta realidade, e alimentando-se dela, estão os grandes grupos económicos e financeiros, que engordam e arrecadam lucros fabulosos, confirmando ser essa a única condição que conhecem seja qual for a situação do País. Para eles, a coisa é simples: em estado de «crise» ou em estado de «retoma», ou em estado «não importa qual», o lucro está sempre assegurado. E assegurar esse lucro certo é a principal e prioritária tarefa dos governos da política de direita, no desempenho das suas funções de conselhos de administração dos interesses do grande capital – funções que desempenham com extrema eficácia e igual desvergonha, dando lugar, amiúde, a situações que espelham, por vezes de forma chocante, a essência exploradora, opressora e profundamente desumana desta política que, impiedosa e brutal, há mais de três décadas vem flagelando os trabalhadores, o povo e o País.
Um exemplo: no mesmo dia em que o ministro da Economia decretava a insustentabilidade do aumento de 1,5% nos salários dos trabalhadores, os jornais anunciavam que os cinco maiores bancos tiveram um lucro diário superior a 5 milhões de euros – e logo a seguir chegou a notícia dos lucros fabulosos no sector energético, onde as privatizadas EDP, REN e GALP atingiram cerca de 1200 milhões de euros de lucros só este ano.
Nas eleições legislativas de 27 de Setembro, o PS perdeu a maioria absoluta, podendo dizer-se que essa derrota constituiu o dado mais relevante do recente ciclo eleitoral, na medida em que se tratou da expressão de uma inequívoca vontade, por parte dos portugueses, de uma mudança de política.
Contudo, o primeiro-ministro, cego e surdo a essa vontade, persiste na aplicação da política de direita que está na origem da actual situação do País – e que está na origem da perda da sua maioria absoluta. Fá-lo com a arrogância habitual e com redobrada hipocrisia: fingindo uma «abertura ao diálogo», que outra coisa não é do que o estafado monólogo da vitimização e da chantagem; e recorrendo ao velho e falso estratagema de procurar obter uma base política de apoio a troco de uma suposta governação de «geometria variável», com supostos acordos «à esquerda» em matéria social, e à «direita» em matéria económica, como o PCP tem sublinhado, outra coisa não é do que a continuação da política de direita, sempre orientada, no plano económico para a salvaguarda dos lucros e dos privilégios dos grandes grupos económicos e financeiros, e no plano social para a distribuição, pelos trabalhadores e pelo povo, do pouco que sobra dessa acumulação de lucros.

Neste quadro, a luta de massas assume um papel primordial, enquanto instrumento essencial dos trabalhadores para a defesa dos seus interesses, para responder às novas ofensivas contra os direitos laborais e para a ruptura e mudança necessárias.
Vimos a sua importância decisiva na derrota da maioria absoluta do PS. E é fácil de ver como essa derrota criou novas e melhores condições para o desenvolvimento e intensificação da luta de massas na situação actual – condições que urge aproveitar com determinação e confiança.
A luta da classe operária e de todos os trabalhadores, das populações, dos jovens, dos pequenos e médios empresários, dos agricultores, enfim, de todos os que, todos os dias, sofrem na pele as consequências da política de direita, é a resposta necessária e indispensável ao prosseguimento, pelo Governo PS/José Sócrates, do mais do mesmo para pior – a resposta que, mais tarde ou mais cedo, derrotará a política de direita e construirá a alternativa de esquerda indispensável à solução dos muitos e graves problemas que pesam sobre o nosso País.

 

Publicado no Jornal "AVANTE" de 19.11.2009

Despedimentos e encerramentos - PCP quer ouvir ministro da Economia

teresa roque, 01.11.09

O PCP requereu a presença do novo ministro da Economia na Comissão Parlamentar de Trabalho com vista a obter esclarecimentos sobre a posição do Governo quanto à noticiada possibilidade da Delphi, de Ponte de Sôr, despedir até Março 500 trabalhadores. Os deputados comunistas pretendem confrontar ainda o novo titular da pasta da Economia, Vieira da Silva, com outras situações de despedimento e encerramento de empresas que, entretanto, já depois das eleições, têm vindo a público.
No caso da Delphi, aos despedimentos em Ponte de Sôr, poderão ainda juntar-se outros na unidade da Guarda, onde o número de trabalhadores não ultrapassa hoje o milhar, quando já chegaram a ser cerca de três mil.
Esta é uma empresa que tem vindo progressivamente a despedir trabalhadores nas suas várias unidades, apesar de ter beneficiado de diversos apoios públicos.
A confirmar-se o quadro de despedimentos, adverte o PCP, haverá um enorme impacte na situação económica e social das regiões onde as unidades estão implantadas, designadamente na cidade e região da Guarda, bem como em Ponte de Sôr e no Alto Alentejo.
Por isso os deputados comunistas exigem uma intervenção imediata do Governo, considerando que este tem sérias responsabilidades e deve defender os postos de trabalho.

 

CP tenta substituir Revisores por Seguranças: Mais Trabalho por Menos Salário!

teresa roque, 27.10.09

revisores_20out2009.jpgO Sector de Transportes está a distribuir aos trabalhadores um comunicado sobre a tentativa de substituição de revisores por seguranças na CP. Um comunicado onde alerta para o objectivo desta medida (substituir trabalhadores efectivos e com AE por trabalhadores precarizados, mais mal pagos e com menor poder reivindicativo), onde se solidariza com a greve marcada para dia 5 de Novembro para combater esta medida, e onde alerta para a necessidade de ir mais longe, e exigir que sejam integrados como trabalhadores efectivos os milhares de trabalhadores precarizados que nas Empresas Públicas de Transportes trabalham subcontratados por empresas de vigilantes, limpeza e ETT's.
 

Relatório sobre a zona Euro - Desgraça social ignorada

cdulumiar, 20.10.09

O Relatório Anual sobre a zona euro 2009 constitui «mais uma peça de uma campanha de mistificação, acusam os deputados do PCP ao Parlamento Europeu.

Isto, porque, de acordo com estes deputados, o Relatório ignora «a situação de desgraça social em que se encontram milhões de trabalhadores e cidadãos» e foge «ao reconhecimento da tendência de aprofundamento da crise social na zona Euro». Mais, o relatório «escamoteia as verdadeiras causas e o papel negativo das políticas que presidem à União Económica e Monetária (UEM), ao Pacto de Estabilidade e à Estratégia de Lisboa» em diversos Estados-Membros»; aponta para o aprofundamento do carácter federalista da UE, com novos ataques à soberania dos Estados; e reafirma a intenção da União Europeia de, no âmbito das relações económicas internacionais, aprofundar as causas centrais da crise económica e financeira internacional, caso da transferência de capital dos sectores produtivos para a especulação financeira, do reforço do papel do FMI e Banco Mundial, das políticas de liberalização do comércio mundial e da chamada «competitividade». Para o PCP, estas políticas «são tanto mais graves quanto se insiste numa perigosa política monetária de sobrevalorização artificial do Euro».

A realidade

Aliás, o regozijo da Comissão em torno dos eixos centrais da sua política neoliberal «contrasta escandalosamente» com os mais de 22 milhões de pessoas desempregadas na UE-27, com os cerca de 625 mil portugueses actualmente sem emprego – dos quais quase metade (300 mil) sem acesso ao subsídio de desemprego –, com a crescente desregulação das relações laborais ou com o alastramento da pobreza.
Enfim, o Relatório tenta lançar a ideia de uma crise já ultrapassada quando várias vozes e relatórios alertam para o «carácter altamente volátil e frágil» de alguns «sinais de estabilização» do sistema financeiro internacional.
A realidade, dizem os deputados comunistas, é que a «crise» há muito se vinha a sentir, sendo que a actual apenas expôs todas as vulnerabilidades nos diferentes Estados Membros, resultantes de políticas alicerçadas nas orientações do Pacto de Estabilidade e Estratégia de Lisboa. Vulnerabilidade que, em Portugal, «é resultado directo da continuada fragilização dos sectores económicos, particularmente dos sectores produtivos, do ataque aos serviços públicos, das políticas de baixos salários e reformas, da desigual distribuição do rendimento, do endividamento e do brutal défice e dívida externos que a política de direita vem impondo ao País».
Qualquer real solução para a presente crise, dizem por fim estes deputados, «passaria obrigatoriamente pela ruptura com as políticas que enformam o actual rumo neoliberal da União Europeia».
 

 

Publicado no Jornal "AVANTE" de 15.10.2009

Relatório sobre a zona Euro - Relatório sobre a zona Euro

teresa roque, 19.10.09

 

O Relatório Anual sobre a zona euro 2009 constitui «mais uma peça de uma campanha de mistificação, acusam os deputados do PCP ao Parlamento Europeu

 

Isto, porque, de acordo com estes deputados, o Relatório ignora «a situação de desgraça social em que se encontram milhões de trabalhadores e cidadãos» e foge «ao reconhecimento da tendência de aprofundamento da crise social na zona Euro». Mais, o relatório «escamoteia as verdadeiras causas e o papel negativo das políticas que presidem à União Económica e Monetária (UEM), ao Pacto de Estabilidade e à Estratégia de Lisboa» em diversos Estados-Membros»; aponta para o aprofundamento do carácter federalista da UE, com novos ataques à soberania dos Estados; e reafirma a intenção da União Europeia de, no âmbito das relações económicas internacionais, aprofundar as causas centrais da crise económica e financeira internacional, caso da transferência de capital dos sectores produtivos para a especulação financeira, do reforço do papel do FMI e Banco Mundial, das políticas de liberalização do comércio mundial e da chamada «competitividade». Para o PCP, estas políticas «são tanto mais graves quanto se insiste numa perigosa política monetária de sobrevalorização artificial do Euro».

A realidade

Aliás, o regozijo da Comissão em torno dos eixos centrais da sua política neoliberal «contrasta escandalosamente» com os mais de 22 milhões de pessoas desempregadas na UE-27, com os cerca de 625 mil portugueses actualmente sem emprego – dos quais quase metade (300 mil) sem acesso ao subsídio de desemprego –, com a crescente desregulação das relações laborais ou com o alastramento da pobreza.
Enfim, o Relatório tenta lançar a ideia de uma crise já ultrapassada quando várias vozes e relatórios alertam para o «carácter altamente volátil e frágil» de alguns «sinais de estabilização» do sistema financeiro internacional.
A realidade, dizem os deputados comunistas, é que a «crise» há muito se vinha a sentir, sendo que a actual apenas expôs todas as vulnerabilidades nos diferentes Estados Membros, resultantes de políticas alicerçadas nas orientações do Pacto de Estabilidade e Estratégia de Lisboa. Vulnerabilidade que, em Portugal, «é resultado directo da continuada fragilização dos sectores económicos, particularmente dos sectores produtivos, do ataque aos serviços públicos, das políticas de baixos salários e reformas, da desigual distribuição do rendimento, do endividamento e do brutal défice e dívida externos que a política de direita vem impondo ao País».
Qualquer real solução para a presente crise, dizem por fim estes deputados, «passaria obrigatoriamente pela ruptura com as políticas que enformam o actual rumo neoliberal da União Europeia».

 

Publicado no Jornal "AVANTE" de 15.10.2009

Portugal desperdiçou milhões de euros em fundos comunitários

Sobreda, 19.09.09

«O desemprego é o problema social mais grave que o País enfrenta actualmente, e vai continuar a aumentar se não forem tomadas rapidamente medidas. Para combater o aumento do desemprego é necessário criar postos de trabalho, ou seja, é preciso investir mais.

No entanto, segundo o INE, até ao 2º Trimestre de 2009, o investimento em Portugal reduziu-se em -15,9% em relação a igual período de 2008. Entre 2000 e 2010, o investimento total em Portugal baixará de 27,1% do PIB para apenas 17,4% do PIB.
Só um aumento significativo do investimento público é que poderá inverter esta quebra contínua que levará Portugal a um maior atraso e divergência da União Europeia.
Sócrates não se cansa agora de afirmar que o investimento público é vital para o País sair da crise. No entanto, existe uma distância abissal quando comparamos as suas declarações com os actos do seu Governo. Serve de prova o que tem acontecido com a aplicação dos Fundos Comunitários do QREN, que são fundos públicos. Apenas uma ínfima parte do que podia ser utilizado por Portugal (16,2%) foi aplicado até a esta data.
Como se sabe o QREN abrange o período 2007-2013. De 1 de Janeiro de 2007 até 30 de Junho de 2009, o valor dos Fundos Comunitários do QREN não utilizados, podendo o ser, atingiu 6.151,6 milhões de euros.
De acordo com dados constantes do Boletim Informativo nº 4 do QREN, que acabou de ser divulgado, até 30 de Junho de 2009 tinham sido utilizados (pago aos beneficiários) apenas 1.190,6 milhões de euros dos 7.342,2 milhões de euros que a Comunidade Europeia tinha posto ao dispor de Portugal para utilizar até ao fim do 1º semestre de 2009, o que corresponde a uma taxa de execução de apenas 16,2%.
Só devido ao atraso na utilização dos Fundos Comunitários estimamos que Portugal já perdeu já 320 milhões de euros em termos de poder de compra.
Se a análise for feita por programa as conclusões ainda são mais graves, pois existem programas fundamentais para o desenvolvimento do País e para enfrentar a crise em que a taxa de execução é extremamente baixa.
Assim, a taxa de execução, medida em percentagem do que o pago aos beneficiários representa em relação ao que podia ter sido utilizado por Portugal até 30.6.2009, era de apenas 21,4% no Programa Operacional Factores de Competitividade essencial para aumentar a competitividade das empresas (pagou-se 227,4 milhões de euros aos beneficiários, ficando por gastar 833,1 milhões de euros).
No Programa Potencial Humano, fundamental para aumentar a qualificação dos portugueses que é actualmente um obstáculo estrutural ao desenvolvimento, a taxa de execução era apenas de 34,3% (pagou-se 684 milhões de euros ficando por gastar 1.309,5 milhões de euros).
No Programa Valorização do Território, vital no combate às assimetrias regionais e na construção de acessibilidades, a taxa de execução era apenas de 1,8% (pagou-se aos beneficiários somente 28,9 milhões de euros, ficando por gastar 1.562,9 milhões de euros) em dois anos e meios de execução.
Em relação aos Programas Operacionais Regionais (POR), fundamentais para promover o desenvolvimento das regiões, a taxa de execução era ainda mais baixa (…)
Até 30.6.2009, no POR de Lisboa a taxa de execução era de 13,9% (foi pago 14,5 milhões de euros, ficando por gastar 90 milhões de euros) (…)
Eis, na prática, a que se resume a ‘paixão’ tardia de Sócrates pelo investimento público».
 
Ler o estudo “Portugal não utilizou 6.151,6 milhões de euros de Fundos Comunitários até ao fim do 1º semestre de 2009” do economista Eugénio Rosa